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quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

SOMAS E SUBTRAÇÕES




Ah, que indivisível sentir é esse?Que confusos somos...
Confundimos algo tão simples e complicamos algo tão descomplicado. 
Queremos um total de igualdade quando na verdade a atração está na diferença que se revela. Concordarmos com tudo nos faz sem graça, sem sal e sem uma conversa interessante... 

Eu não quero ser parte que te completa, ou que você seja minha outra metade e sabe por quê?
Eu e você somos seres completos e necessitamos um do outro para compartilharmos nossas diferenças, nossas opiniões, nossos desejos, nossas alegrias, nossos desapegos, nossa pequena grande vida...

E se tem que ser à parte, que seja!
Pra que filosofias, imposições, quereres vãos que vão além das afinidades? 
Se eu quero migalhas?? Sim quero! E quero muitas, todas que quiser dar-me,
afinal como diz aquele velho e bom ditado “é de grão em grão que a galinha enche o papo”.
É na soma das gotas que se forma uma chuva, e quando as gotas são abundantes, há tempestades...

Eu quero é nadar de braçada meu amor![Nem que seja contra a correnteza!]






Marly Bastos

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

É NATAL [DE QUEM???] -

                                          FOTO DA INTERNET
Eu acreditava em Papai Noel. Foi menina do interior que esperava ansiosa o dia de Natal e claro, colocava os sapatos debaixo da cama pra ele saber onde deixar o que eu tinha pedido. Não eram grandes pedidos, não eram sonhos irrealizáveis para um Papai Noel, mas o fato é que ele nunca realizou um pedido meu [e nem dos meus irmãos]. Comecei a achar que o Papai Noel fazia acepção de pessoas, pois para os meus primos ele dava o que eles queriam, para mim e meus irmãos nunca deixava sequer um brinquedo. Apenas balinhas, pirulitos, gomas de mascar e Maria-mole...

Ficava imaginando que ele deveria ficar todo sujo, pois teria que descer pela chaminé do fogão e era tão estreitinha [como é que caberia aquele velho gorducho?]. Será que era por isso que ele ficava com raiva e deixava somente aquelas guloseimas? Deixávamos as janelas dos quartos entreabertas para facilitar a vinda dele, mas nem isso adiantava. Ele não gostava nem de mim e nem dos meus irmãos...

Hoje fico imaginando quantas crianças passam pelo mesmo drama que eu [drama sim, eu não entendia que o Papai Noel, presenteava de acordo com o bolso do seu pai] de se achar menosprezada pelo “bom velhinho”. Imagine as crianças nos orfanatos, ou em lares tão sem recursos como era o meu. Nossa decepção era visível e meu pai ficava com os olhos embaçados de lágrimas. Eu pensava que ele também ficava triste com o Papai Noel. Ele ficava triste era pela impossibilidade que sentia diante das circunstâncias. Posso garantir que foi mais traumatizante para eu saber que Papai Noel era uma mentira do que descobrir que cegonhas não trazem bebês.

Contei minha história para que entendam o porquê da minha reserva e até indiferença com esse dia tão alardeado. Natal é uma festa Cristã né? Mas, se perguntar as crianças qual é o símbolo do Natal elas vão dizer: Papai Noel, presépios, árvores de Natal, presentes... Enfim, é o dia que todo mundo se reúne para comer peru, pernil e outras coisas gostosas [e beber também, se possível até cair]. 

Natal é o dia em que se comemora o nascimento de Cristo, portanto o seu aniversário. E geralmente nesse dia de festa, confraternização e alegria pelo nascimento do Aniversariante, ele não é convidado e nem sequer lembrado... “Troca-se presentes, vestem-se de” Bom Velhinho, brindam “Feliz Natal”, mas Cristo continua de fora da festa! Como pode isso? Festa sem aniversariante!

Natal é para mim capitalismo exacerbado. É dia em que as contradições sociais mostram a cara, pois enquanto uma parte esbanja fartura, a outra amarga as sobras nos latões de lixo ou sonham com a coxa de peru que enfastiado, alguém deixou no prato pra juntar aos dejetos.

Natal deveria ser tempo de reflexões, de renovo, de renascimentos. O Natal é uma festa cristã, onde tantas crenças e enxertos a uma comemoração tão simples tornou-se desvirtuada. O Natal genuíno é aquele que é comemorado todos os dias e em agradecimento ao Rei dos reis que nasceu em humildade para nos fazer grandes em amor e comunhão com Ele e com o próximo.

Agradecemos a ti oh Deus, por ter nos enviado o Seu Filho, que se despiu da Sua Glória, encarnou e se fez homem de dores para nos dar eterna vida. Se eu comemoro o Natal? Sim, mas sem esse acerbado espírito natalino, que parece contagiar por um tempo todos, e muitas vezes, dele fica uma boa dívida pra lembrar por meses essa comemoração...

                                                                   Marly Bastos

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

MEU PRIMEIRO BICHINHO DE ESTIMAÇÃO



                          foto da web

Quando criança eu queria um bichinho de estimação, pois minha irmã tinha um e eu não. Morávamos em fazenda e eu não considerava cachorro e nem gato bicho, era animal de casa.Então, não servia.

Minha irmã ganhou um filhote de papagaio, e eu queria algo parecido. Perturbava meu pai dia e noite, querendo um bicho pra mim, mas tinha que ser bicho do mato. Pintinho também não servia, porque era ave, e não passarinho.

Um dia, apareceu um bando de gralhas atacando os ninhos das galinhas, matando os pintinhos e bebendo todos os ovos, postos no dia ou chocos. Meu pai, com uma espingarda de chumbinho espantou o bando, e uma delas foi atingida na asa e caiu... E ele presenteou-me com ela.

Eu na minha inocência dos cinco anos, pensei que ia ser uma amizade pra sempre! Até que fui dar arroz cozido na mão pra querida gralhinha e quase fiquei sem os dedos. Ela bicou minha mãozinha sem dó, até sangrar. Lágrimas de dor e frustração desceram dos meus olhos. Eu a perguntava o porquê da bravura comigo, pois não tinha sido eu quem a havia machucado, mas ela com os olhinhos redondos, peito estufado, respondia com piados estrangulados e agudos.

No outro dia, com a mãozinha enfaixada, fui até onde o meu bichinho de estimação estava amarrado pelo pé, e forcei novamente a amizade. Com todo carinho tentei dar um beijinho na asa machucada pra sarar, igual mamãe fazia comigo, e ela avançou no meu rosto quase arrancando meus olhos. Fiquei com a cara parecendo que tinha recebido uma descarga de chumbinho. Tipo assim:” pai que com chumbo feri, filha com bico será ferida(igual chumbo).

Não quis mais o bichinho de estimação... No outro dia, voltei lá e disse pra gralha:” Você não é amiguinha, pois é má, machucou minha mãozinha e meu rostinho... Você não é bonita como o papagaio e fala muito feio. Pode voltar pro mato!” Dei as costas pra ela e saí pisando duro. Lembrei! Voltei e disse mais: “E vai ter que se soltar sozinha, pois eu tenho muito medo de você sua... sua... graaaaaaaaaaaaaalha!”

Bem... Eu voltei lá uns dois dias depois, mas a gralha havia sumido. Nunca fiquei sabendo como ela saiu de lá, mas desconfio que não sobreviveu, pois a gralha é considerada uma praga, destrói uma ninhada de ovos num piscar de olhos e ainda mata os pintinhos novinhos. Sei lá...

Marly Bastos

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

A DOR ANTISSOCIAL

            Imagem da Web
A dor emocional dói tanto quanto a dor física! Ela dilacera nosso coração, causa uma ferida na alma e mata os nossos melhores sonhos. É uma dor eminente esmagando nossos sentimentos, nossas vontades, um fogo consumindo nosso interior, uma inquietação no espírito. Essa dor é a famosa desilusão.

A sociedade não liga muito para esse tipo de dor. Insensíveis seguem seus rumos, olham a casca e não veem que por dentro a gente tem uma hemorragia... Ainda servimos de chacota para os fofoqueiros dos corredores, para a língua peçonhenta da tia beata e para colegas que têm inveja do que você viveu... Cada desilusão é um pedaço de nós que vai embora, dói tanto, que quase sentimos nossa vida se esvair pelos poros.

E quem faz sofrer? Geralmente segue seu caminho indiferente, se sentindo livre, leve e solto, achando que se livrou de uma... “Uma o que mesmo?” Bem... Você foi atropelada por um condutor do amor, ficou estatelada no chão da amargura, sangrando copiosamente, gemendo de dor, e ele insensivelmente continuou o caminho da felicidade sem olhar pra trás, não prestou socorro, não teve tato, apenas seguiu... Quando você foi atropelada, o mundo ainda era cor de rosa, agora parece roxo, igualzinho os hematomas que ficaram na alma

A dor é de montão, os conselhos que não queremos são mais ainda! Queremos tempo pra curar a dor de cotovelo, a amargura, o vazio existencial, o medo de tentar novamente, a dificuldade em aceitar o fim, o descrédito e a autoestima temporariamente em baixa. Queremos tempo para perdoar quem nos causou essa enorme dor, e precisamos de tempo para digerir o sentimento que não passa de uma hora pra outra... Mastigar, mastigar, mastigar... Engolir, ruminar... E na calada da noite novamente mastigar... No tempo certo vai ser digerido facilmente, mas há um tempo!

Vai bater o desespero, o choro, a dificuldades de sorrir, o sarcasmo, o desânimo, a desesperança... Ainda assim, acredite na poesia que há na vida, e repinte seu arco-íris, refaça seus projetos, trace metas, busque outras canções, reformule seus conceitos, reflita sobre suas verdades, sonhe com coisas inefáveis, aprenda a se amar totalmente, se permita, seduza e acima de tudo, mesmo que mancando, se arrastando, gemendo pelo caminho, siga em frente, pois a vida é maravilhosa e um minuto é muito pra sofrer por quem não te merece. Infelizmente, vai ter que perder o tempo necessário pra sentir a dor, para catarsear o sofrimento, ou ele se tornará crônico.

Marly Bastos

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

O PASSADO ÀS VEZES VOLTA PARA NOS ALIVIAR


Estava sentada em uma sorveteria em Caldas Novas, espairecendo um pouco as idéias, para voltar e continuar a trabalhar em minha dissertação, quando entra um casal e mais uma moça. Pareceu uma família. Eu sou do tipo que se estou andando ou preocupada com algo, não presto atenção em nada, mas se estou tranqüila eu noto detalhes, sondo as emoções e ações das pessoas.

A mãe e a filha foram pedir o sorvete e o homem sentou numa mesa próxima. Olhei disfarçadamente para ele, chamou atenção a cor café da pele com os olhos azuis como um céu sem nuvens. Ele colocou a mão direita apoiando o queixo e notei que faltava um pedaço do dedo indicador... Comecei a ficar inquieta! A mulher vira para ele e diz: “Adão, você quer sorvete de pequi?” Gelei! Adão???

Voltei no tempo, quando tinha 4 anos e revivi em instantes a dor, medo e culpa que eu por muitos anos carreguei, até conseguir jogar no esquecimento tudo que aconteceu.

Eu era uma garotinha introspectiva, embora falante. Gostava da solidão e dos meus amigos imaginários e não aceitava intromissão no meu mundo. O caseiro de meu pai tinha um filho, um pouquinho mais velho que eu e insistia em se enturmar à força. Adão era da cor café e olhos tão azuis que dava medo. E foi num dessas intromissões que tudo aconteceu.

Eu usava para quebrar coco uma rocha que havia no quintal e uma peça quebrada de carro. Bem pesada, e eu tinha que fazer esforços supremos para conseguir levantá-la e o coco era esmigalhado, pois o peso era muito. Mas, valia já que ninguém tinha tempo para quebrá-los para mim.
Lá estava eu tentando quebrar um coco! Colocava-o sobre a pedra, pegava a peça de ferro e quando ia levantando-a, o menino-café tirava o meu coco e colocava um dele para eu quebrá-lo. E é claro que eu não quebrava. Abaixava a peça de ferro, tirava o coco dele e novamente colocava o meu... E quando ia levantado o ferro, ele retirava o meu coco e colocava o dele. E tudo se repetia de novo. Na quarta ou quinta vez que isso ocorreu, eu lancei a sentença: “Se mexer no meu coco de novo, vai se arrepender!” E ele mexeu. Tirou o meu coco e quando ia colocando o dele eu desci o ferro com força...

Lembro apenas de uma mãozinha esbagaçada na pedra, ele gritando que eu havia arrancado o dedo dele. Ainda tenho na mente os olhares de raiva sobre mim(ou eu via os olhares desse modo) mas mesmo assim eu ia à casa dele levar bolo, farelo de castanha de coco( já que eu não controlava a força e quando ia quebra-lo, esmigalhava tudo). Passei muito tempo lembrando da maldade que fiz e sinceramente sempre tive na lembrança que havia arrancado a mão dele. Eles foram embora da fazenda pouco tempo depois, e sempre associei a partida deles com o fato.

Minha mãe me disse a uns anos atrás que foi um pedaço do dedo indicador (pensava que fosse a mão...), e isso me trouxe certo alívio, afinal a mão tem cinco dedos.

Agora eu estava vendo (um velho rsrsrsrs) cor de café, com olhos azuis e um indicador pela metade, e com nome Adão... Será que devo falar com ele ou não? Que dúvida! Ainda me pesa o que ocorreu, mas acho que é hora de resolver isso. Só preciso ter jeitinho ao falar, ser sutil e sondar.

Levantei e fui até onde estavam os três e disse num só fôlego:
- Boa tarde, meu nome é Marly, filha do David de Bastos e penso que fiz isso no seu dedo! (Aff que sutileza heim?).

Ele levantou e disse:
- Não acredito! Você é a garotinha que quebrou o meu coco e dedo ao mesmo tempo?

- Pois é... Estava olhando vocês quando entraram, e me chamou atenção a sua cor de pele e olhos e a da sua filha. Depois falaram seu nome e eu olhei a mão... Foi um pedaço razoável de dedo.

- Já aprendi a viver sem ele, afinal tem mais de quatro décadas isso não é? - Olhou para o cotoco de dedo e sorriu.

- Sim tem, mas em nome da minha infância, da minha introspecção, do meu mundo particular, da minha falta de senso, gostaria de pedir perdão pelo que te fiz.

- Perdoada a mutos anos! E se está sozinha eu e minha família te convidamos pra jantar lá em casa amanhã, pois assim podemos colocar o papo em dia! Embora, me lembro bem de que você nunca me deu chance de papo algum quando tinha quatro anos.

Agradeci, mas disse que não poderia ir, tinha trabalho a fazer e o tempo já se esgotava. Despedi com um abraço em cada membro da família e saí dali mais aliviada, mais leve! E sinceramente nem imaginava que isso ainda me pesava. Agora estou leve! Ao menos quanto a essa bagagem que carreguei por tantos anos.

Marly Bastos

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

CATARSEANDO!

                                    FOTO DA INTERNET

Eu acreditava que esquecer era ignorar, riscar da agenda, mudar de calçada, bloquear todo tipo de comunicação. Mas isso se chama “dar gelo”(e quem dá gelo quer revanche) que era enfim, ignorar com a razão e deixar padecer o coração. Padecer sim, pois cada esbarrão é como um terremoto dentro da gente, cada ligação que não atendemos é uma noite insone e em cada mudança de calçada fica a distância entre a raiva e a frustração... 

Com o tempo fui notando que o verdadeiro esquecimento preside não no fato de excluirmos a pessoa da nossa vida e sim de deixá-la se perder das lembranças cotidianas de tal maneira que se alcance a insensibilidade presencial que ela evoca. Entendi que a gente somente esquece quando a raiva para de assolar a alma ao pensar na pessoa, quando ela já não te causa mais sofrimento e sim indiferença.

Você esqueceu quando há uma diminuição vibratória da sua alma em contato com tudo que evoca o outro e nesse tempo, vem sobre você uma sensação indefinível, uma leveza incompreensível, isso porque o esquecimento traz em si o perdão (quando se trata de um coração magoado). O passado te assola? As lembranças te aprisionam? Então, você está deixando de viver seu tempo!

Para viver [plenamente] é necessário esquecer o passado ruim e isso implica “limpar a casa” para que outros sentimentos abram espaços para o futuro, apagando com a borracha do perdão todo embaraço que "borrou” as páginas da sua vida. Machado de Assis escreve que “esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa apagar o caso antigo”. Portanto creio que esquecer é a morte daquilo que faz o coração se contrair de nervosismo, dor, angústia, tristeza, frustração... Esquecimento é deixar ir... É quando novas possibilidades e novos encontros já  não incomodam mais e nem servem de escorras para aliviar sentimentos de frustrações...

Somente o perdão traz esquecimento, pois ele é o desapego total do sentimento de vingança (sempre queremos que o outro pague pelo sofrimento a nós incutido mesmo que não seja intencional; queremos que o outro se trumbique e a negação disso é hipocrisia). Perdão e esquecimento andam de mãos dadas, quando se separam, o primeiro morre e o segundo gera o filho chamado vingança sem causa. Perdão é ordenança divina (“perdoai e vos será perdoado”); portanto perdão é decisão de andar retamente e não sentimento (já que a alma é fraca pra isso, ela por si só não perdoa). Nesse processo de cura interior é importante lembrar-se somente do necessário e esquecer tudo mais, coisa que deixamos para a memória decidir (quem vai e quem fica...) No início desse processo, fica a sensação de que tudo é presente. Todavia, o tempo passa sem pressa e leva embora esse presente-passado. E sem percebermos o tempo vai conjugando o verbo passar, e ele passa... Passado, passou...

O tempo é um aliado que resolve quase tudo! O tempo cura feridas e as cicatrizes que ficam já não doem(elas ficam!),  pois o ponteiro do relógio da vida vai girando e levando junto as agruras da alma, de forma que as lembranças se eternizam em forma de aprendizagem, saudades se tornam brandas e ternas, tristezas já não há no olhar e promessas vãs são esquecidas na vã filosofia do viver... Tudo passa a fazer parte de um lugar bem longe!  E longe, tem a espessura de um perdão e quase a distância de uma lembrança que se dispõe em bagagem vivencial.

                                                                       Marly Bastos







terça-feira, 25 de novembro de 2014

QUERIA TANTO! [Ainda não passou a dor, mas amenizou as lágrimas] Chorei lendo os comentários...

imagem da internet
        
Queria
Que meus passos me levassem para bem
longe,
Numa longa distância sufocar toda dor da
saudade,
caminhada sem rumo e totalmente fora do
mundo.
Assim, sem força ou idéia, silêncio que cala
fundo.

Queria
Poder esquecer suas mãos afagando-me
lentamente,
Largando na pele uma energia quente e
latente
Dispersando a calma e me isentando da
espera,
Com teu sorriso, que a vida em mim
regenera.

Queria
Apenas esfriar da boca, o toque quente do
beijo,
E no eriçar dos pelos, renegar o arrepio de
Desejo
O sossegar do doce latejar que retorce, na
agonia,
Sanidade e loucura, dois opostos, em plena
harmonia!

Marly Bastos

domingo, 23 de novembro de 2014

QUE MEDOS EU TENHO

foto da WEB
Não tenho medo do medo, tenho medo da coisificação dele em minha vida.
Não tenho medo de desafios, tenho medo é de perder, de não saber lidar com essas perdas, de não ter esportiva suficiente pra enfrentar a derrota.
Não tenho medo do trânsito, tenho medo das pessoas inconsequentes que usam seus carros e motos como arma numa guerra sem causa.
Altura não me dá medo, mas tenho medo do voo desenfreado que pode me fazer cair e ter dificuldades para levantar...
Não tenho medo da escuridão que me cerca às vezes, mas sim do que está por trás dessa escuridão e eu não consigo ver.
Não tenho medo do amor, tenho medo da confusão que eu posso fazer sobre ele e enveredar por uma paixão que me faça sofrer.
Não tenho medo de perder tempo com sentimentos, tenho medo é que esses sentimentos sejam um tempo perdido, de quereres  vãos.
Não tenho medo de desapegos, tenho medo da realidade que isso trás... Nunca mais da medo sim, medo de não desapegar.
Não tenho medo da morte, tenho medo é de morrer sem causa, sem significação, ao ponto de parar de existir na lembrança das pessoas,..
Não tenho medo da solidão, tenho medo é de gostar muito de estar sozinha ao ponto de não querer nem minha própria companhia.
Nunca tive medo de tentar novamente, de seguir em frente,  de virar a esquina sem olhar pra trás, meu medo é saber que na maioria das vezes não vou voltar...
Não tenho medo do lobo mau, aliás a tipologia dele é bem agradável... Tenho medo é de não achar um desse pra minha vida.
Não tenho medo de ter medos, só peço a Deus que meus medos sejam menores que toda a força que vem Dele para me socorrer. Que meus medos nunca ultrapassem a barreira da minha fé!
Marly Bastos

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

ORANDO A PALAVRA DE VIDA!


Sacudirei o pó da caminhada pelo deserto,
Louvarei no vale, pois Ele reavivará meus sonhos,
Abrindo fendas na rocha para saciar minha sede.
Assim, meus lábios cantarão louvores ao meu Deus,
Atraindo toda sorte de bênçãos para minha casa.

Levantarei minha cabeça e subirei ao cume do monte,
Para que ali o Senhor fale comigo...
E sentirei a brisa da Sua boca, limpando minha alma, 
E o azeite da Sua glória sarando minhas feridas. 
Contemplarei os galhos secos florescendo,
E o solo castigado, pisado pela injustiça,
Sendo cultivado pelo meu Deus e Senhor. 

Descansarei folgadamente, 
Pois uma nuvem de glória pairará sobre mim
E a restituição chegará enfim à minha vida.
Portanto, comerei o melhor desta terra, 
Pois, com Deus sou grandemente próspera!
(Promessas extraídas da Bíblia)
Marly Bastos

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

...NÃO APRENDI A AMAR.



“É que sou poeta e 
não aprendi a amar”

E a vida, é um lento rascunhar!
Meu leito é de papel por inteiro
Minha paixão, vermelho tinteiro.

Meu desejo, fica à margem,
Meu muso, eterna miragem.
Meu carinho, é verso
Minha estrofe, o reverso.

Minha rima, declaração de amor,
Minhas entrelinhas, pausas na dor.
Meu sofrimento, apenas tema,
Meu amor, dilema.

Meu gozo, fantasia
Minha vida, poesia...
As emoções, eterna folia!

Marly Bastos

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

BREVE INSTANTE...


A vida, nas batidas do coração, suspira!
No ar, um dadivoso perfume que conspira!
No cerne do nosso ser, vontade que não cessa,
Acalmando no enrolar de corpos- alquimia processa!

Onde toda a vibração, é sentir lúdico!
É dor de prazer em espasmo e contração...
Na satisfação desesperada, ultrapassamos o lúcido,
Dança erótica e perturbadora... Breve instante de doação!


Marly Bastos

sábado, 8 de novembro de 2014

PONTUANDO A VIDA



Adoro as reticências... Acho que elas propõem um mundo de possibilidades: "Talvez...", "se...", "quem sabe...", "pode ser...", "quando..."

Reticências abrem um leque que abana a imaginação de quem ouve, também apazigua as dúvidas e falta de palavras para quem fala. Quando estamos cansados de tantos pontos finais, interrogações, travessões, aspas, chaves e colchetes, vem a maravilhosa reticência e nos faz ter ovulação múltipla.
Ela é gozo pra esperança, é veste para o mistério e é asa para o sonho.

Homem é reticente quando é colocado contra a parede. Usa expressões que nem eles entendem, mas a reticência vem em seu socorro e o que era para ser uma sentença mortal, passa a ser uma mensagem indecifrável: “Olha, veja bem... Não é que eu não queira, mas... A gente poderia, sei lá... Um tempo talvez... Ainda não estou preparado... Vamos pensar mais um pouco...” Heim? O que foi que ele disse mesmo?

Mulher é reticente, mas não pelos mesmos motivos dos homens. Elas querem fazer valer a lei da dificuldade, do encanto velado, do esconde-esconde, de atear fogo e apagar, de apagar e atiçar, de esconder o que o coração está gritando... O “talvez...” dela é charme, é incerteza de ser o certo, mas quase nunca é indecisão. As reticências femininas abrem brechas na esperança e colocam lenha no trem das expectativas. A reticência nos permite enxergar a esperança depois da curva...

A reticência é cômoda, estável e também covarde por algumas vezes. Por medo de mudanças ela inverte inadvertidamente a vida. E assim, a felicidade, os sonhos, os sentimentos, a esperança, a fé, fazem com que os momentos se tornam “suspensos”... Nem só de reticências se pode viver. É necessário a emoção e surpresa da exclamação(!), a curiosidade da interrogação(?), a metodologia do ponto e vírgula, o diálogo do travessão, a pausa da vírgula, e o “The end” do ponto final.

A reticência não ousa por um fim, aliás ela está numa linha divisória onde nada começa, e portanto, nada termina...Elas são oportunas e providenciais...a supressão das reticências, dá impressão que tudo chegou ao fim... Ou não! Elas nos deixam livres para imaginar o que pode vir depois, sem engessar as vontades, ou imobilizar a esperança... Há ainda muitas possibilidades !

Três pontinhos que faz toda diferença... Eles nos fazem ficar com o pé atrás, mas também nos faz comer nuvens (de algodão doce) pensando no que seria, será ou poderia ter sido. E aquela reticência dentro de um olhar profundo? Faz um frio percorrer a espinha, faz a gente gaguejar (isso é bem reticente), ficar “multicores”... Eu tola romântica que sou, suspiro reticências por todo lado!

A reticência também pode provocar lágrimas, quando depois dos três pontinhos vier seguida de um ponto final. É o inacabado sendo terminado... Ponto final é dor ou liberdade e reticência quase sempre é espera...

Marly Bastos

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

DESAPEGANDO

Imagem da WEB

Siga seu caminho...

Eu rasgo a minha alma

e deixo voar para onde queira esse amor.

Não vou mais tentar achar explicação

para essa solidão que dormitou entre nós.

Siga seu caminho...

Já não luto contra a saudade

Que sinto mesmo antes que te vás.

Deixo que apenas escorra pelos meus olhos

Saudade que não cabe em mim.

Traçando um caminho sem volta

Siga seu caminho...

Ao sabor da liberdade que só quem ama pode dar.

E leve contigo as lembranças traiçoeiras,

que mentem para a minha saudade

aumentando a dimensão de tudo que foi.

Siga seu caminho...

Não tenho palavras para afagar minha dor...

Meu âmago fica em silêncio ao ouvir os ecos

dos meus suspiros entrecortados.

Há uma esperança que aliviam meu pranto...

Siga seu caminho

E não olhe para trás, pois já não estarei lá

vendo-te sumir na curva do abandono,

Tão livre e pronto pra viver sem mim.

Então, apenas, siga seu caminho...


Marly Bastos

terça-feira, 28 de outubro de 2014

MEIA VOLTA VAMOS DAR!

Imagem extraída da WEB

Quando criança, me deitava para dormir e aos poucos ia flutuando, o mundo lentamente girando como um carrossel onde eu me via montada nos cavalos quase alados, depois flutuava para a roda gigante de onde meus sonhos ficavam encantados, cheios de cores, girando bem alto! Girava, girava e acordava outro dia. O mundo me parecia feito de parques de diversões, circos, passeios na casa da vovó, banhos de cachoeiras, brincadeiras na boquinha da noite com os primos e primas de cantigas de rodas e pular cordas, e algumas outras obrigações que eu não gostava muito, como escovar os dentes quatro vezes ao dia pra não dar bichinho neles (com o tempo a gente aprende a gostar, basta pra isso passar pela primeira dor...).

Fiquei adolescente. Embora eu tentasse me comportar como uma mocinha, essa é uma fase única, a gente chora até em ver um cachorro magro e é capaz de matar o mundo envenenado. E a preguiça? Preguiça de estudar, preguiça de ajudar nas tarefas domésticas, preguiça de organizar o quarto, preguiça de limpar gavetas. Até entendo quando vejo um quarto de adolescente, pois a preguiça parece ser algum distúrbio hormonal. Aliás, a gente sempre sabe quando é o quartel general de um adolescente, pois sobram meias pra fora da gaveta, os livros e afins parecem monturo pra fazer fogueira, roupas por todo lado, coleções de coisas impensáveis, e posters de ídolos, ou se for meninos, carros. Esta deve ser a fase mais importante na vida de uma pessoa, pois é nela que nossa educação se concretiza, nossas amizades se definem e recebemos várias enxurradas de sentimentos a cada hora. Que coisa! Adolescente é gente esquistinha né? PS: Quando for pegar seu adolescente pela orelha, lembre-se que você passou por isso e era igualzinho (ou pior).

Ainda jovenzinha, sonhava com príncipes. Eu acreditava em contos de fadas, em sapatinho de cristal, e em carruagem encantada. Mas esse acreditar não dura pra sempre. Aos poucos a gente vai notando que tem muitos sapos pelo caminho, mas príncipe mesmo só nos livros ou na Inglaterra. E descobrimos também que sapos não viram príncipes com beijos, no máximo namoradinhos que querem nos beijar detrás da caixa d’água da escola. Época em que a gente descobre que é muito bom beijar. E a gente beija muito!

Depois me tornei adulta de verdade, e aí começa minha história de vida. Quase outra vida...

Marly Bastos

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

ESSE OLHAR MADURO...

Foto extraída da Web

Olhar maduro...
Esse olhar que vê mais além
Que discretamente em algures se detêm
Que modera, instiga... E faz queimar
Olhar avaliativo, vibrante: verdadeiro desejar.

Olhar maduro...
Que aprendeu ao longo da vida enxergar,
Aquém do aparente que se está a mostrar,
Que sabe dizer tudo apenas com a profundidade,
Cavada pela experiência de vida e sensibilidade.

Olhar maduro...
Quando mira, faz tremer por dentro,
Que te faz sentir do mundo o centro.
Dá medo e encanta, com ele seduz,
Quebra barreiras, e os obstáculos reduz.

Olhar maduro...
Desnuda o corpo e a alma...
Faz promessa muda, que acalma,
Conquista sem pressa, enquanto aprecia
Olhar que vicia, contagia e inebria!

Olhar maduro...
Que faz a alma evadir para longe porto,
Sonhar com amor, segurança e conforto.
Faz o mundo girar e a mente vagar
Em pensamentos sem limites divagar...

Olhar maduro...
Que valoriza mais conteúdo que aparência,
Que sabe separar do ser, a essência.
Olhar que se faz conhecer e conhece,
Olhar profundo, que a alma nunca esquece.

Olhar maduro...
Que despi a mulher de uma forma diferente...
Desnuda a vontade, o desejo , o elemento inconsciente.
Quebra preconceitos e diante dele a resistência é vã.
Ah! Esse olhar maduro, me faz pensar no amanhã!

Ah, esse olhar maduro...

Marly Bastos


sábado, 25 de outubro de 2014

RES  PIRO...


No beijo molhado me inspiro!
De língua infiltrada, suspiro.


Qual água em esponja, transpiro,
Perco o ar... Respiro!


Morro na tua boca: Expiro.
Subo para o teu céu e piro...


Suspiro... Expiro... Inspiro... Transpiro...
De novo piro = Res piro!


Marly Bastos

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

TEMPO PERDIDO!

imagem da web

Tenho impressão que os dias envelheceram
e já caducam meus tantos anos...
Quis tanto ocupar um espaço em você
que nem percebi que você já tinha me acolhido
em um lugar que ninguém mais ocuparia...

Perdi tanto tempo tentando fazer o que já estava pronto.
E assim deixei muito tempo escorrer no relógio da vida,
que não para, não lenca e nem tem piedade,
ao contrário,
conta e faz conta dos segundos de vida
que se esvaem sem percebermos...

Marly Bastos

Por motivos que fogem ao meu querer, estarei longe do blog por um tempo, mas sempre que possível estarei lendo os amigos, mesmo sem ter condições de comentar.
Beijokas doces

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

NOSTALGIA


Nostalgia, ah nostalgia!
Vejo em ti uma transparente fatalidade...
Suplício Tântalo, tocando o inatingível com os dedos frios da solidão .
Enquanto isso, o tempo vai passando pela ampulheta da vida,
transformando em intempéries os prazeres e dores,
que debulham no vão dos sentimentos
Ora extrapolados, ora tão calados.

Nostalgia, força arbitral!
Que faz brotar da saudade a lágrima
E do desejo, um gemido mudo.
Que centrifuga sentimentos,
Extraindo imos labirínticos e ocultos
Fazendo a força motriz se achar no efeito
 E se perder na atração.

Nostalgia... Sentimento vazado,
 Num sol que arde ou numa lua que encanta
E que em horas longas,
Cantam o existir ríspido de saudades insólitas
Ou de detalhes tão detalhes,
Que nem parecem provocar esse arpejo dentro da gente...
A nostalgia às vezes, parece com um adeus que nunca partiu.


Marly Bastos

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

VIVER É BOM DEMAIS!

                                          Imagem da internet
Viver em abundância é a minha meta, o resto é consequência... E constatar isso, deixa-me num estado de graça imposto pela vida.

Viver é bom demais! E essa expectativa de um novo ciclo me revigora, pausas me descansam e reticências faz-me ganhar asas nas possibilidades.

Sim, a vida é passageira e urge aproveita-la! Ao seu lado ela para mim é ganha. Levei o tempo de um olhar para me apaixonar por você e tenho uma vida toda para te amar.[E não importa quanto seja esse tempo] 

Descobri que te amar sempre exigiu tão pouco! [Somos nós que complicamos a vida]

Tão bom poder desvendar os segredos dos teus dedos que retêm muitas memórias escondidas no tecido encrespado da pele deles. Maravilhoso saber que faço parte da história dos teus toques, estar nas margens das tuas sensações e no espaço da tua busca táctil.

Foram tantas horas de encantamento, dias de paixão e anos de amor e compreensão. Não quero tornar-me uma deusa que reinou em teu coração... Quero ser apenas a mulher que tocou os poros da tua alma com minha ternura e marcou com beijos quentes os seus mais profundos desejos.

Tenho medo que todas as palavras se evaporem na sublimação do tempo e que tantas e tantas carícias se escondam no silêncio das mãos... Tenho medo de que todos os sentires escorram pelo olhar desatento que a vida causa e que martiriza muito mais além das palavras caladas.

Todos os medos que tenho são consequências que o viver traz e ele não suplanta a minha meta de viver abundantemente. E nessa razão de viver, está meu amor por você que na plenitude da lida, traz-me a certeza que existirá ainda no ocaso da minha existência... E nas lembranças que eu deixar, encontrará palpitantes fragmentos do que foste para mim.

Marly Bastos
Por um tempo off pois vou dar uma voltinha por aí e logo volto, afinal a metade das férias já passou...
Beijokas doces 

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

O QUE ESTÁ DENTRO DE NÓS...


Guardamos tantas coisas dentro de nós! Umas mesmo sem as sabermos.
E muitas dessas coisas "se recusam" a sair pelas nossas expressões normais.
Ah se pudéssemos nos expressar de todo, jogando fora toda nossa bagagem interior:
Tristeza, crueza, raivas, decepções... 
Seria tão simples se fosse assim!

Basta lembrar que todo mundo tem sentimentos adversos, 
embora alguns os saibam controlar, burilar e reverter.
O poeta, sabe colocar em versos sentimentos que todos sentem.
Mas ele mesmo não sabe vivê-los...
E talvez aí more o fascínio da poesia:
De chorar o que não é dor!
De suspirar o que não amor!
De não ser seja o que for!

Marly Bastos

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

MOMENTOS QUE O TEMPO FAZ


As emoções que vivemos num determinado momento é que vai determinar o espaço de tempo que durou. É a emoção X intensidade. É o relógio da vida X o relógio da alma.

Há momentos, em que as emoções são tão intensas, e duram tão pouco, e mesmo assim temos a impressão de que vivemos uma eternidade. Outras vezes vivemos uma história por anos a fio, e ela passa sem nada deixar, parece que as emoções evaporaram no ar, ficaram no esquecimento, não tiveram intensidade. O momento marca espaço de tempo diferente conforme as emoções.

Há tempo infinito, único, pra sempre. Tempo que o relógio marcou anos, porém é atual na memória, ainda alimenta a alma, e fazem o coração bater em vários ritmos, conforme a disposição da nossa alma em vivê-lo, em se entregar, em querer arriscar.

Há amores que por algum motivo não deram certo, acabaram sem acabar, deixaram uma saudade infinita, uma sensação de que daqui a pouco se concretizava, uma esperança de acertar, uma vontade de desfecho... Amores que param nossos corações no tempo, embora tenham durado apenas horas ou meses, são momentos infinitos, eternizados nas lembranças e no relógio do amor que marca sem ponteiros o tempo que não envelhece.

Há momentos que congelam o sabor de um beijo; capturam pra sempre, no fundo da íris, aquele olhar que foi somente pra você; retêm nas pontas dos dedos a sensação do toque na pele e a textura dos cabelos. Há momentos que escondem pra sempre no coração o eco das palavras de amor ditas nos ouvidos.

Há momentos que só de pensar em não vivê-los faz um nó na garganta, um rio nos olhos, e um pranto na alma. Há momentos, que mesmo antes de acabar já deixam saudades...

Marly Bastos