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sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

É NATAL [DE QUEM???] -

                                          FOTO DA INTERNET
Eu acreditava em Papai Noel. Foi menina do interior que esperava ansiosa o dia de Natal e claro, colocava os sapatos debaixo da cama pra ele saber onde deixar o que eu tinha pedido. Não eram grandes pedidos, não eram sonhos irrealizáveis para um Papai Noel, mas o fato é que ele nunca realizou um pedido meu [e nem dos meus irmãos]. Comecei a achar que o Papai Noel fazia acepção de pessoas, pois para os meus primos ele dava o que eles queriam, para mim e meus irmãos nunca deixava sequer um brinquedo. Apenas balinhas, pirulitos, gomas de mascar e Maria-mole...

Ficava imaginando que ele deveria ficar todo sujo, pois teria que descer pela chaminé do fogão e era tão estreitinha [como é que caberia aquele velho gorducho?]. Será que era por isso que ele ficava com raiva e deixava somente aquelas guloseimas? Deixávamos as janelas dos quartos entreabertas para facilitar a vinda dele, mas nem isso adiantava. Ele não gostava nem de mim e nem dos meus irmãos...

Hoje fico imaginando quantas crianças passam pelo mesmo drama que eu [drama sim, eu não entendia que o Papai Noel, presenteava de acordo com o bolso do seu pai] de se achar menosprezada pelo “bom velhinho”. Imagine as crianças nos orfanatos, ou em lares tão sem recursos como era o meu. Nossa decepção era visível e meu pai ficava com os olhos embaçados de lágrimas. Eu pensava que ele também ficava triste com o Papai Noel. Ele ficava triste era pela impossibilidade que sentia diante das circunstâncias. Posso garantir que foi mais traumatizante para eu saber que Papai Noel era uma mentira do que descobrir que cegonhas não trazem bebês.

Contei minha história para que entendam o porquê da minha reserva e até indiferença com esse dia tão alardeado. Natal é uma festa Cristã né? Mas, se perguntar as crianças qual é o símbolo do Natal elas vão dizer: Papai Noel, presépios, árvores de Natal, presentes... Enfim, é o dia que todo mundo se reúne para comer peru, pernil e outras coisas gostosas [e beber também, se possível até cair]. 

Natal é o dia em que se comemora o nascimento de Cristo, portanto o seu aniversário. E geralmente nesse dia de festa, confraternização e alegria pelo nascimento do Aniversariante, ele não é convidado e nem sequer lembrado... “Troca-se presentes, vestem-se de” Bom Velhinho, brindam “Feliz Natal”, mas Cristo continua de fora da festa! Como pode isso? Festa sem aniversariante!

Natal é para mim capitalismo exacerbado. É dia em que as contradições sociais mostram a cara, pois enquanto uma parte esbanja fartura, a outra amarga as sobras nos latões de lixo ou sonham com a coxa de peru que enfastiado, alguém deixou no prato pra juntar aos dejetos.

Natal deveria ser tempo de reflexões, de renovo, de renascimentos. O Natal é uma festa cristã, onde tantas crenças e enxertos a uma comemoração tão simples tornou-se desvirtuada. O Natal genuíno é aquele que é comemorado todos os dias e em agradecimento ao Rei dos reis que nasceu em humildade para nos fazer grandes em amor e comunhão com Ele e com o próximo.

Agradecemos a ti oh Deus, por ter nos enviado o Seu Filho, que se despiu da Sua Glória, encarnou e se fez homem de dores para nos dar eterna vida. Se eu comemoro o Natal? Sim, mas sem esse acerbado espírito natalino, que parece contagiar por um tempo todos, e muitas vezes, dele fica uma boa dívida pra lembrar por meses essa comemoração...

                                                                   Marly Bastos

18 comentários:

  1. Lindo texto e uma pena que realmente,tantas vezes ele nem aparece na festa, não é lembrado,nem em pensamento! O consumismo toma todo o lugar! Que o Natal chegue e fique nos corações e não as luzes exteriores! beijos,tudo de bom,chica

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  2. Como eu entendo o descrito neste texto. Também eu passei uma adolescência assim...Não tive brinquedos, nem coisas mais valiosas no sapatinho. As minhas netas hoje em dia têm o que querem...Mudam-se os tempos!!!...

    Deixo abraço - Feliz Natal
    ********************
    http://pensamentosedevaneiosdoaguialivre.blogspot.pt/

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  3. Marli, pelo seu depoimento que, em muito assemelha-se ao meu, vejo que essas datas servem apenas para excluir... É a Festa da Exclusão e não da União... pois, quem tem mais, festeja... quem não tem nada...amargura tristezas decepcionantes! Felizmente, tornamo-nos adultas conscientes da verdade da vida. E, sabemos discernir a verdadeira alegria, e a festa em nosso interior, em nossa alma! Seja feliz!
    Abraço.

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  4. OI AMIGUINHA
    Que belo texto. Desejo que o seu Natal seja brilhante de alegria, iluminado de amor, paz e harmonia. Feliz Natal!
    Ainda volto aqui antes do NATAL.
    UM BJ

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  5. Nos meus Natais, era o Menino Jesus que colocava no sapatinho qualquer coisita.
    Tal como a ti, também não era nada de especial, mas adorava.
    Tudo mudou e hoje o Natal é uma feira de comércio... enfim, há coisas piores...
    Minha amiga Marly, tem uma boa semana.
    Beijinhos.

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  6. Parabéns pela crônica.

    Natal é legal, papai noel não. (pelo menos para mim).

    Um beijo grande

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  7. Oi, Marly! Aprendi muito lendo seu comentário e seu texto por aqui... me fez pensar que nada é mais reconfortante do que poder viver a própria realidade. A fantasia só serve quando cabe ao momento e situação.
    Eu também gostaria que as pessoas compreendessem que o objetivo central é comemorar o nascimento de Jesus e toda a carga de sentimentos embutidos na data. Mas esse ponto de vista começa a ser modificado pelos pais, os primeiros a se renderem à perdição consumista.
    Um abraço!

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  8. Muito boa reflexão, Marly!
    Eu já acabei aqui com essa história de presente pra tudo que é lado. No máximo ganham as crianças. A data passa, as dívidas ficam, e poucos se lembram de agradecer ao Criador.

    Olha, estava há um tempão em busca do seu link. Só hj consegui.

    Um beijo.

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  9. Oi Marly

    Seu texto tem o verdadeiro espírito do Natal para mim, Jesus ao nascer era um desses meninos que não tinha direito a nada ou a muito pouco.

    Sinto mais ou menos como você, não tenho ideia sobre a quantas anda o comércio, as ofertas, os presentes no Natal, não compro, não presenteio, mas adoro o Natal, amo a reunião familiar, só consigo pensar nele ou sentir que é Natal, mais ou menos dois dias antes, por causa do meu trabalho, esta é minha época de trabalho mais intenso ao longo do ano, isto de cera forma me ajuda não cair na roda do comércio.

    Os sapatinhos aqui em casa eram colocados atrás da porta, cada um tinha a sua porta, uma noite acordei e fui pé ante-pé até a minha porta e peguei minha mãe e a moça que trabalhava lá em casa colocando o presente, descobri que o Papai Noel eram elas, foi muito frustrante!

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  10. Olá, Marly.
    Bastante lúcido e verdadeiro seu texto; creio que, infelizmente, para muita gente, o Natal tornou-se simplesmente sinônimo de compras e festas sem muito significado.
    Creio que o significado do Natal seja retribuir aos demais tudo aquilo que de bom acontece conosco e é um pouco triste pensar que muita gente não tem e dificilmente terá um Natal feliz.
    Mas acredito que um dos segredos da felicidade seja saber dar valor ao que realmente importa, que são as pessoas que nos fazem melhores todos os dias.
    Abraço e valeu pela visita, Marly.

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  11. Lindo esse seu texto! Você narrou muito bem as diferenças de uma data criada para o consumo.
    Pra falar a verdade, Marly, to até aqui, Ó, de Natal! rs
    Beijos, querida!

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  12. belíssimo conto ou prosa ou crítica rs???
    muito lindo e maduro de qualquer jeito...

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  13. Está corretíssima, Marly. Quando olho para trás vejo que nunca acreditei em Papai Noel. Sabia que minha mãe, com grandes dificuldades, procurava comprar presentinhos para nós (não o que desejávamos) e os colocava nos sapatos, durante a noite. Minha família , católica, lembrava o nascimento de Cristo e meu pai não perdia a missa celebrada naquela noite. Não havia ceia nem consumismo. Essa é uma época que não me deixa muito entusiasmada. Natal, fim de ano, fico louca para que o tempo passe. Sempre estivemos juntos no dia 25/12, para o almoço. É reunião familiar e as crianças, como é natural, aguardam presentes. O que não pode ser esquecido é o objetivo da data, escondido atrás de Papai Noel, infelizmente.
    Minha querida, desejo que possa estar em harmonia e paz nesse Natal, ao lado das pessoas que lhe são queridas. E que receba as bênçãos de Deus. Grande beijo!

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  14. Olá queridoka,

    Você traduziu aqui tudo o que eu penso acerca do Natal.
    Esta semana ouvi minha 'secretária doméstica' falando com alguém em seu celular e dizendo que no Natal todos ficam dentro de casa se divertindo e comendo e deixam Jesus trancado do lado de fora. Sorri na hora, pois é mesmo isso que acontece em muitos lares, quando deixam o aniversariante fora de sua própria festa.

    Lindo e verdadeiro.

    Beijão.

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  15. Ops! Te desejei Feliz Natal no post mais recente, antes de ler este Marly hehe :)

    Mas concordo que o Natal é todos os dias: o renascimento, o nascimento, a evolução e união, isso, sim, pode ser todos os dias.
    Belo texto!

    Grande beijo!

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  16. Olá Marly.
    Texto magnifico em escritas e em verdades...Parabéns por traduzir lindamente o que acontece no Natal de muitos...Penso como você, acredito como você, porque também fui criança pobre, sem condições. Tudo é alegria e contentamento, ai perguntamos o porque da festa? E muitos não saberão responder, porque verdadeiramente Cristo não esta em seus corações...
    Que o menino Jesus esteja presente em nosso silêncio no dia de Natal...
    Feliz Natal e Feliz 2014 pra você.
    Beijos com carinho
    Marilene

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  17. Oi, Marly, como vai? Desejo um Natal em paz, com o coração apaziguado, e que em 2015 seu coração seja cercado de alegrias e amor. Um abraço, tudo de bom!

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  18. Negona eu tenho tido muito, muito , muito pouco tempo de entrar na internet. E também não sou de entrar em blogs e mais blogs e postar comentários só para que o colega vá lá no meu cantinho e leia as bobagens que escrevo. Gosto de ler o que me toca, o que, de fato, me emociona, me passa uma mensagem e gosto de comentar sabendo do que li. Amei seu texto, sabe negona eu também tenho uma certa indiferença com o Natal. Não me toca, acho muito comercial e pouco ou nada cristão, se bem que faz muito tempo que não entendo mesmo o sentido da palavra cristianismo. Porque sinto um Cristo triste com o que andam falando em seu nome. Lindo texto, linda mensagem. Aliás você é toda linda e, sendo assim, tudo o que vem de você, não poderia ser diferente. Cancelei minha conta no Face - tenho um puco de aversão às redes sociais.
    Um xero do tamanho da Bahia procê e pros seus. Um feliz hoje, feliz amanhã... felicidade sempre, apesar das entrelinhas!!!

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