Total de visualizações de página

quarta-feira, 22 de abril de 2015

O GIRAR DA VIDA!

 
Parei em frente ao espelho... Olhei-me sem reservas e sem tapeiras psicológicas, vi-me como realmente estou. Passei a mão vagarosamente pelo meu rosto, pescoço e desci sondando a pele e a firmeza da carne. Constatei a minha maturidade.
 
O maldoso reflexo no espelho mostra sem dó as marcas que o girar da roda do tempo deixou. Todavia, vou além desse reflexo físico, mergulho na alma e começo a revirar meus sentimentos e emoções. Analiso numa visão realista as perdas e ganhos. Descubro que agora tenho mais capacidade de entender minhas perdas físicas e emocionais.
 
Perdi com certeza, uma porção generosa de elastina da pele, o nível de progesterona, massa óssea e muscular, perdi pigmentação dos cabelos, perdi uma porcentagem da capacidade visual e auditiva(risos). Mas, fazendo um balanço vejo que minhas perdas, foram mais físicas, já que nesse caminho que percorri, aprendi muitas coisas e ganhei outras tantas...
Hoje tenho autonomia nas minhas escolhas, posso direcionar minha vida, escolher o rumo de minha existência com liberdade. Sou reconhecedora das fases pelas quais passei e tirar dela o melhor. Hoje tenho mais serenidade e mais sabedoria, adquirida através da experiência que os anos trazem.
 
Essa dita maturidade, trouxe-me mais sensualidade, tornou-me mais provocante, mais erótica, mais razão, mais coração. Trouxe-me uma alma sensível e determinada; feminina, porém forte. Não deixo “nas entrelinhas”, procuro dizer sutilmente; sou mais seletiva; tenho mais “jogo de cintura”; sou e tenho uma conversa interessante. Isso é fato!
 
Com o tempo, a pele amadurece e se torna macia, quente e aconchegante. Os poros mais dilatados para uma melhor fusão de cheiro, gosto e calor... A boca mais receptiva... Os olhos mais felinos e maliciosos, talvez por ter essa experiência refletida neles. Afinal os olhos não são o reflexo da alma? As mãos mais cândidas e sábias, as palavras mais pensadas, as diferenças são moldadas e não divididas (isso é arte). Enfim, os vendavais das emoções ficaram para traz, pois chegou o tempo do soprar da brisa que trás refrigério.
 
Que desça a areia da ampulheta da minha vida, e contarei os grãos desse relógio chamado plenitude. E viverei cada momento, gastando e me deixando gastar...
 
Marly Bastos
                   

terça-feira, 21 de abril de 2015

VEM CÁ!


Vem cá!
Derrame-te em mim por inteiro
Eu desejo o teu gosto e cheiro
Vem! Homem faminto
Dominando  meu instinto
Cavalgando em meus desejos
Arrepiando meus pelos

Vem cá!
Acaba comigo em puro êxtase
E faz-me transpirar gemido
Aflorar a libido,
Gemer sussurros
Calar meus urros
Nas ondas dos teus arrepios surfar
Nos teus apelos lambuzar.

Vem cá!
Chega-te a mim...
Apaixonado e furioso
Faz do meu corpo teu repouso,
Seqüestrando meu gozo
Aprisionando meus anseios
Com esse seu jeito assim, sem receios...

Vem cá!
Invada meu corpo inteiro
Quero-te primeiro e por derradeiro
Chega-te a mim, completamente
E me derramarei toda... Docemente

Marly Bastos

segunda-feira, 20 de abril de 2015

ENVIESADA


 
Imagem da Web

Sim eu sou mulher!
E às vezes me sinto condensada dentro de um frasco de poesia
ou espremida num saco de incertezas. 

Sou de parir lágrimas de amor,
mas também sei cultivar um espinhal que fere doído.
Eu sou mulher e por isso lacuno meus medos,
deixo meus desejos navegarem sem fronteira
e sou capaz de ocultar as chagas das tristezas que a vida impõe.

Confabulo um chamego e um cafuné, e me deixo transbordar de amor.
Às vezes sou gata no cio, que exige, que arranha e que toma tudo...
Ou gata dengosa que só quer aconchego, espreguiçar languidamente
e ficar observando o mundo com olhar profundo.
E me dou ainda ao prazer de ser gata felina,
que vai à caça, e luta pelo rato de cada dia.

Sou contradição, sou lógica!
Sorrio chorando, choro sorrindo.
Sou suave mesmo num vendaval
ou furiosa como um bouquet de rosas vermelhas.

Vivo loucuras sentidas e despudoradas,
também sou formada de verdades benditas,
palavras edificantes e carícias curadoras.

Sou sim, capaz de esfaquear verdades, arrancar pedaços de mentiras,
costurar sentimentos no tempo e lamber lentamente minhas tristezas.
Minhas palavras têm personalidade própria
e elas mostram que sou muito humana e deveras enviesada.

Marly Bastos

sexta-feira, 17 de abril de 2015

NO ANDAR DA CARRUAGEM, ANDA TAMBÉM MINHA VIDA...


O tempo tira de um lado e muito oferece do outro. Na maturidade, amamos verdadeiramente, sem limites, fronteiras e sem medo. E da mesma forma somos amados. Não vivemos do corpo e sabemos aproveitar o que a mente nos proporciona: Uma mente cheia de riquezas que aumentam a cada dia. 

Em questão física, tudo descamba e envelhece, mas os sonhos não acabam, as lembranças não morrem, a experiência e sabedoria aumentam e o amor não se cansa nunca. O tempo deixa marcas no físico sim senhor, desde a cor dos cabelos, textura da pele e até o tom da voz. Esse é o ciclo da vida. 

Mas vamos combinar, fruta madura é bem melhor... Mais doce, saborosa e suculenta... O que se perde em vigor físico, se ganha em experiência, vivência, sabedoria e é aí que entendemos melhor nossa existência  decifrarmos os atalhos que ela nos proporciona. É na maturidade que entendemos muitas coisas, é nela que temos uma vida renovada. O bom do envelhecer é a bagagem que se vai adquirindo e que nos permite viver melhor,com sabedoria e em plenitude. 

Alguém vai dizer que é balela essa colocação que faço sobre o passar do tempo, sobre a vida e suas marcas e que a aceitação de que envelhecemos é o melhor caminho para encontrar um ponto de equilíbrio para o nosso eu. Então vem a pergunta: E tem outro jeito? O tempo passa, a pele fica flácida e as articulações enrijecem... O olhar perde o viço, o cabelo perde o balanço, enquanto você balança e cai por qualquer tropeção. Ou aceita isso, ou vai ser uma pessoa velha e esticada por intervenções cirúrgicas, metacril e botox[e frustrada]. Nada contra [e até penso em fazer algo assim daqui uns tempos] mas encontrar o equilíbrio é essencial, para não parecer uma múmia no formol, uma pessoa ranzinza e azeda!

Enfim, o tempo é muito generoso quando as pessoas são sábias, quando sabem tirar maior proveito dele! A lei da vida é essa: Ao mesmo tempo que a ação da gravidade age na gente, os conhecimentos e cargas de experiência, também! Conforme os anos passam, aprendemos o suficiente para constatar a beleza que existe nesta fase da vida em que estamos. Enquanto perdemos no corpo, ganhamos na alma. Há mais ganho do que perda, afinal elastina se repõe [com injeções?] e sabedoria não tem quem possa barganhá-la na bioplastia. Basta aceitar que envelhecer o corpo faz parte do viver, mas que o interior pode ser eternamente jovem, Como? Nunca deixar que as lamúrias tomem espaço onde deveria estar a alegria! Ninguém aguenta velho ranzinza, isso é fato...

Marly Bastos

domingo, 12 de abril de 2015

AINDA NÃO PERCEBESTE.


Foto da web
 
... Ainda não percebeste, mas eu sou o vazio que te lateja
nas madrugadas ocas; a música silenciosa que te invade a alma,
em forma dos meus sussurros...

Sou a latência incômoda que te revira insone! Sou o teu encolher,
pelo medo arredio de te entregares... E por mais que fujas, sabes que
detenho teus passos na minha estrada cheia de curvas.

Estou escondida na profundidade dos teus olhos... E sabes ser impossível
arrancar-me de lá,  pois estou colada à tua retina.
Sou eu quem libero cores para a tua visão.

Sou teu oásis de águas cristalinas, escondida entre folhagens
para que somente tu sacies tua sede.

Sei que foges sôfrego, mas volta pulsante... Pronto para mergulhar
todo em minha fonte de desejos, onde escorre líquidos doces e quentes
que te embriagam e renovam tuas forças.

Sou teu grito de “não”, sou teu apelo de “sim”, sou tua dúvida de “talvez”...
Eu sou tuas irrealidades, impossibilidades e tudo
que te complica a vida.

E por ser tanto em ti, deixo minhas entranhas guardadas
em tuas mãos.
Mas nem isso, ainda percebeste...
Marly  Bastos