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sábado, 31 de agosto de 2013

REVERTRÉS


O sonho, o inexistente, queria não mais lembrar,
Seguir meu caminho, sem rastro deixar.
Tudo era procura, busca ilógica e irracional,
Segui emoções de uma história irreal.

Ignorei o mundo, tempos e espaços.
Indiferente segui... Levando e deixando pedaços,
Fragmentos de uma vontade solitária de amar,
Sustentando um voo sem rumo, sem pensar.

Longe (da dita realidade) o frágil coração ardia,
Queimava no peito uma vontade dolorida, repentina...
Nostalgias... Turbilhão em plenitude tardia.

Por muito tempo afoguei-me no âmago do nada!
Até que um rebento de luz, luziu no infinito,
Tecendo uma nova aurora bem-amada...

Marly Bastos

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

AMADO, DEIXE-ME SER...

Foto da web
Deixe-me beber dos teus beijos amado!
Enquanto neles saciar minha sede,
Refrigério terei nesse oásis-paz.
Deixe-me mergulhar nos teus olhos amado!
Na profundidade deles, sou de tudo capaz...

Deixe-me ficar em teus braços amado!
Enquanto estiver neles enlaçada,
Sou pra sempre tua.
Deixe-me dormir no calor do teu corpo,
Enquanto aquecida por ele, 
Minha alma não estará nua.

Deixe-me repousar na tua mente amado!
Ela me fascina pela sagacidade e ternura,
Deixe-me dançar no teu ritmo cordial,
Enquanto nele embalo, provo da tua doçura.
Marly Bastos

terça-feira, 27 de agosto de 2013

DES À BAFO... [ A semana vai ser punk, por isso estou desacelerando um pouco, mas volto antes de sentirem saudades


Passo a passo, passo não sei por onde, seguindo meu caminho que não tem rumo,
procurando não sei bem o quê...
Chego às vezes, não sei onde  e me pego amando não sei quem.
Esquecer? Talvez, mas nem sei quando. Ando chorando por tudo e nada,
sofrendo por sofrer...
Seu nome só sussurro para o vazio,  pois cada vez que o murmuro,
sinto que meu coração embriaga.  Meu desejo não tem lugar para morar,
sobrevive do ontem, mora numa casa infecunda,  e na agonia presa. 
Essa saudade que dos meus olhos escorre, é por causa do ultimo adeus que me fez
sofrer tanto...  Quer saber??  Se me quiser de novo,  vai ter que beber do meu pranto!

Marly Bastos

domingo, 25 de agosto de 2013

UM CERTO OLHAR MAIS APURADO

                                            Foto da Web

Certas reflexões são como uma bússola que levam nossas lembranças ou mesmo nossas esperanças para várias direções... E nesses momentos necessitamos de uma dose de humildade e contrição, pois não há como desengavetar sentimentos arraigados na alma, sem reconhecermos que podemos ser melhores do que temos sido; que optar por mudanças vai fazer toda diferença (embora às vezes resistimos à essas mudanças); e que toda flexibilidade dos nossos sentidos fazem-se necessários para metamorfosearmos os sentimentos, pensamentos, e conhecimentos até o fim da nossa vida. 

Roberto Shinyashiki diz que "Na simplicidade aprendemos que reconhecer um erro não nos diminui, mas nos engrandece, e que as pessoas não existem para nos admirar, mas para compartilhar conosco a beleza da existência." Com o tempo descobrimos que a sabedoria na maioria das vezes está em calar e não em deslancharmos nossas verborragias e ações como demonstrações de "sabidices". Descobrimos que pedir perdão, abre portas já fechadas, que um elogio refrigera a alma de quem o ouve e engrandece quem o lança. Com o tempo tentamos fazer as coisas de maneira diferente, embora nem sempre conseguimos, pois a nossa natureza é por si mesma malévola, e nos pegamos em flagrante às vezes , fazendo exatamente aquilo que condenamos. 

Reflexões que atingem nossos sentimentos deixam nossa alma assim nua e exposta. Descobrimos que somos feitos também de inveja, raiva, contendas, revoltas, murmurações... Descobrimos que magoamos pessoas, e de alguma forma, com consciência que fazíamos isso (mas, era o melhor pra nós...). O início de tudo é nos perdoarmos, pois quando erramos, raramente o fazemos por gosto, e sim por desconhecimento ou falta de discernimento...

Por vezes é necessário fazer essa viagem inusitada para dentro de nós mesmos, reconhecendo nossos erros, pecados, enganos e desenganos. Na vida é natural cair, mas é essencial levantar sempre, sacudir a poeira e dar a volta por cima. É necessário coragem para fazer uma retrospectiva, aonde vêm à tona muitas revelações, dando-nos entendimento que para sermos um pouco melhores, temos que efetivarmos verdadeiras mudanças e desafiá-las a se desinstalarem da nossa existência, pois somente assim podemos vencer o jogo da vida e essa natureza tão (des) humana que temos.

Marly Bastos

sábado, 24 de agosto de 2013

NEM TUDO QUE PARECE É!



Estava sozinho e sem nada pra fazer naquele lugar. Não havia sequer um morador naquelas redondezas e então resolveu tomar um banho no rio. O rio era tão extenso que não era capaz de ver a margem contrária, a água morna e convidativa o fez brincar como criança e depois ficou boiando deixando as ondinhas brincarem com ele como se fosse um barquinho perdido.

Esqueceu-se de tudo ali solto sobre as águas e quando virou a cabeça, percebeu que a margem do rio estava muito longe, então desesperado começou a nadar, nadar e nadar. Mas a correnteza não o deixava avançar rumo à terra firme.

Angustiou-se ali, sozinho e sem ter pra quem pedir ajuda. Nunca lhe pareceu tão aterrorizante a solidão... Num ritmo frenético continuava a nadar. Seus músculos começaram a ter câimbras por tantos esforços, a cabeça doía e os olhos começavam a ficar turvos.

Lutara até o ultimo segundo, porém agora não tinha mais resistência e decidiu sucumbir à morte. Amoleceu o corpo e parou de se debater contra a correnteza. Sentia o corpo afundando até que o joelho dobrado bateu na areia do fundo...

Levantou-se meio espantado, pois a água batia-lhe até a cintura e não mais. No desespero do momento não teve a ideia de conferir a profundidade, apenas calculou que deveria ser fundo por causa da margem distante. Como dizem, “nem tudo que parece é...” E não foi dessa vez que morreu.
Marly Bastos


quarta-feira, 21 de agosto de 2013

PASSARINHAR VOOS

                                                 

Algo vibra dentro de mim, como vento nas montanhas...
Tenho que respirar fundo para poder sossegar a alma. 
E nesse momento,sinto o vento de desejos tão profundos
 visitar a mansidão da minha existência.
Flutuo num indescritível voo que vai além 
de sentimentos rasos,
um quase medo de perder o que só repousa nas vontades,
como um passarinho que por não ter onde pousar,
repousa na sua mão por uns instantes, 
 e alça voo sem volta...
 
Como eu gostaria de voar com o passarinho!
Que vontade de passarinhar!
Tal qual como diz Cecília Meireles:
“Liberdade de voar num horizonte qualquer, 
liberdade de pousar onde o coração quiser.”

Que vontade de voar com o passarinho!
Sem correntes que prendam meus pés, 
sem pesos que aniquilem minhas asas.
Quero passarinhar seu amor nas alturas das nuvens,
 e nos recônditos do céu e pousar no teu ninho de amor.

Que vontade de voar com o passarinho!
Mas ele nem sequer sabe pra onde migrar!
 Ele só quer voar.

Marly Bastos

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

O DÓ DISPENSÁVEL...


O crocodilo quando está devorando suas vítimas chora copiosamente [quanto mais gostosa ela estiver, mas lágrimas]. Esse é o tipo de dó dispensável para a vítima. O dó que dura pouco visto que os interesses falam mais alto.
Encabulava-me a dor que minha prima sentia ao ver sua mãe matando uma galinha para o almoço. Ela acocorava perto da galinha agonizante e gemia, gemia e gemia. Lágrimas e soluços eram em abundância, todavia bastava ouvir o refogar da “pobrezinha” na panela que logo pedia para a mãe dar-lhe o fígado para provar... Esse é o dó dispensável pra galinha mortinha.
Já minha filha jamais comia carne de aves, pois tinha muito dó da pobre galinhazinha que morreu pra gente comer. Mas sempre pedia pra fazê-la ao molho, pois ela adora  [ainda] deixar o arroz bem molhadinho dele... Ué, mas o caldo não é feito da carne da pobrezinha???
E minha sobrinha, só come carne de boi [no açougue é difícil definir de quem é a carne]. A vaquinha não pode morrer, pois dá leitinho gostoso pra gente... E por acaso o boi é imprestável?? Se bem que ele não dá leite... E meu pai quando criança matou onze porquinhos porque ficou com dó de vê-los tão feios e magros no meio de uma vara gorda e saudável. Penso que os porquinhos feinhos dispensavam com gosto esse dó da feiura deles e preferiam continuar vivos.
Fico pensando quantos dós dispensáveis temos nessa vida? O agasalho que amarela na gaveta e sempre sentimos um aperto no coração ao ver aquele menino quase despido e no frio de trincar, bem ali na esquina, mas o agasalho continua na gaveta e já nem serve para ninguém da casa... Ou os sapatos que mofam guardados, ou os cobertores que apenas aquecem o guarda-roupa, ou as frutas e verduras que perdem na geladeira [enquanto muitos passam fome e vontade de comer algo...E a gente com tanto dó dos famintos. ]

Dó é o sentimento que é exprimido por um misto de pena, pesar e repugnância em relação a algo. Quando verdadeiramente sentido tem poder de mudar situações... Um dó que nos constranja a agir com veemência, com amor, com comiseração. Um dó que vá além de palavras e ações vazias. Não, eu não falo do dó da minha prima, filha ou sobrinha, pois essas eram ou são crianças, mas o exemplo vale para descrever o dó dispensável do adulto... Vamos repensar o dó social?

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

E A FAMA FICA PRA QUEM???

Falando ainda em lentes de contato...[Em um tempo já distante]

Um amigo meu (e olha que não é pessoa ignorante, mas teve seu momento...) resolveu aderir às lentes de contato e claro recebeu toda instrução de higienização e conservação dada pelo oftalmologista. O médico recomendou que as lentes deveriam ser fervidas ao menos uma vez por semana. Aconselhou-o a comprar uma panela de vidro e marcar 10 minutos após a fervura (a panela de vidro era para enxergar melhor o momento de ebulição da água...Para homens isso se faz necessário).

Ele comprou a panela indicada e após uma semana foi fazer a necessária higienização... Colocou água filtrada na panela, levou ao fogo e ali mesmo tirou as lentes [diretamente dos olhos] e jogou dentro da panela. Esperou a hora exata da ebulição da água, contou os 10 minutos de fervura recomendados, desligou o fogo, esperou esfriar a água e foi retirar as lentes...

Ainda me acabo de rir quando lembro dele contando que esterilizou a mão com álcool e vagarosamente procurou as lentes. Não as achou, apenas havia dois carocinhos pregados no fundo da panela. “PUTZZZZZZZ ERAM MINHAS LENTES, DERRETERAM E COLORAM NO FUNDO DA PANELA”! Assim ele contava o drama, e colocava as duas mãos na cara! Ele não acreditava que tinha feito aquilo! Claro, era para ele ferver as lentes que deveriam estar dentro do recipiente (inclusive cada lente dentro do compartimento correto conforme o grau ajustado à necessidade visual do olho) e aí sim, colocado dentro da panela...

E Depois, a fama (nem vou dizer qual, todos já sabem) fica pras as loiras!


Marly Bastos

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

CONJECTURAS


Quanto mais vivo, mais morro!
Assim, a vida vai passando,
No passar do tempo,
E o tempo se acabando!

Ás vezes a tristeza vem,
E logicamente a alegria vai...
Mas se faço do amor um refém,
As agruras da alma sai!

No duplo sentido da palavra liberta,
Não vejo sentido nenhum.
Real, é somente a realidade incerta,
Vida que só contempla algum.

A marca de cada encontro,
Nos encontros sem hora marcada.
A vida vazia no vazio pronto,
Viva esperança, com a morte atrelada!

Marly Bastos

terça-feira, 13 de agosto de 2013

TALVEZ OUTRA CANÇÃO...





O sol se pondo, solene bronze parecia,
O mundo aos meus olhos, todo virado,
E a tarde ferida, esmaecer queria...
Uma agonia pasma... Tudo desorganizado!

Desbotadas lembranças surgem de repente:
Estrelas, flores, juras... Parecia sentimento infindo
Música de silenciosa malícia: ritmo quente, ardente,
A dor antiga, já não dói... Liberdade anda pedindo.

Tira de mim tuas unhas, dentes, e gemido sonoro,
E não venhas saciar em mim, seu alucinado cio sem dó
Pois, por sua picante sedução, já não imploro...

Quero silenciar as meias palavras onde dizíamos tudo,
Quero esquecer a sinfonia do prazer, que era sem limite...
Sufocar a memória do proibido, antigo cúmplice mudo.

Marly Bastos

domingo, 11 de agosto de 2013

COISAS SIMPLES PRA SE VIVER.



Tem dias que não preciso de muita coisa pra ser feliz, basta receber um telefonema da pessoa amada e pronto, meu dia se ilumina. E se esse telefonema for para me fazer uma declaração de amor, então meu gozo está completo.

Tem dias que eu somente quero um cafuné demorado, até eu dormir, ou às vezes meus dedos querem estar na cabeça amada, fazendo a mesma coisa até que ele relaxe, desmanche aquela ruga linda de tensão bem entre os olhos. Adoro carinhos nos pés, mas ele morre de cócegas, e por falar em cócegas, às vezes pra relaxar, é bom se encherem delas, até sentir cansaço de tanto rir.

Tem dias que eu não me entendo, mas ele me entende. Se estou emburrada ele tenta tirar a bronca; se estou brava, me desarma. Faz pirraça e piadas sem graça, tira-me o sossego, ri das minhas neuroses, mas conhece o limite que deve ir sem correr o risco de morrer. Ele é capaz de perceber que algo está errado sem eu nada dizer, ou mesmo por apenas uma palavra escrita via sms...

Tem dias que eu sinto a presença da pessoa amada, mesmo ela estando longe, pois mesmo longe, está ao meu lado sempre que preciso, através de uma sintonia inexplicável, de um elo indefinido e forte. E é tão bom quando ele chega, e surpreende-me com um longo beijo, com um doce olhar, com paparicos, mimos, carinhos e um vinho pra relaxar.

Tem dias que eu e ele só queremos amar, não sair da cama, viajar nas doces asas da paixão, ouvir “eu te amo”, comer macarronada pra não perder tempo na cozinha, ver um filme agarradinhos, e assim ficar como se a vida fosse um mar de rosas e nós apenas o perfume exalado delas.
Marly Bastos

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

GUARDIÃO DA MINHA AUTOESTIMA


Falas que tenho cara de menina, mas são teus olhos, eu creio. Embora eu procure conservar a criança que tenho em mim. Estás sempre alerta à campanha para convencer –me que sou uma mulher maravilhosa e me dizes isso cem vezes! Adorável homem és tu. Deixas-me à vontade contigo, digo o que me vem à cabeça, sem medir palavras. É que eu em tua companhia sou toda coração e nada razão!

És muito comedido, sempre pisando com “sapatinho de veludo”, te solta devagarzinho e mesmo assim com certa reserva. Gosto disso! Essa tua personalidade é do meu jeito: Gentil, cavalheiro, sagaz, inteligente, bem humorado, sem pedantismo... Ah! E outras coisas mais.

Sei que a campanha é pra levantar a minha autoestima baixa, mas és tão magnífico que não consigo somente receber a massagem no ego, quero compartilhar, pois somos movidos à carinho, atenção, elogios... Que tal uma dinâmica nessa prosa? Quero as tuas doces palavras, e deixe-me adoçar teus ouvidos também... 

Teus elogios deixam-me mais doce! Para ti sou doce por natureza, embora às vezes os problemas me fazem esquecer isso. É... A vida nos faz esquecer muitas coisas sabia? Eu sou meio menina e muito romântica (a minha menina interior esta um pouco calada ultimamente). Você com seu carinho, suas brincadeiras, seus galanteios sempre a acorda e a traz à tona. Quando não te tenho por perto, extravaso meus sentimentos escrevendo muitas poesias [que na maioria das vezes vão pra lixeira] . Tens razão em dizer que a criatividade é minha válvula de escape, e que escrevinhar arrefece-me a dor.

Sou exagerada em tudo! Sinto demais, sofro demais, amo demais, fantasio demais. Tenho certa sensibilidade para balancear isso, é verdade, pois tenho a sensação de que minha vida escorre rapidamente por meus dedos. Sou louca e poeta e concordo contigo que viver esse “catatau” de emoções é para poucos. Ensinaste-me que o segredo é lidar com a vida pensando no presente, não divagar muito sobre o futuro e não arrepender e nem se amargurar com o passado. Como dizes tu, sou uma louca ritmada com a poesia.

Às vezes a vida cobra muito, e tu és o que me acalma e me dá alento. És minha nota harmônica, meu melhor poema, meu sol no entardecer... És quem me dá um pedacinho de chão, quando preciso de terra firme; oferece-me um bocadinho de céu para eu sonhar minhas nuvens; quem me permite ser nuvens para os teus devaneios. 

Enfim, você engrandece-me o espírito, preenche o meu coração, coloca o riso em meus lábios e a poesia em minhas mãos. Fazes-me tão bem! Preciso-te como uma droga que provoca meus risos, alivia minha alma da dor, e faz as meninas dos meus olhos dançarem brejeiras e alegres.

Queres um livro das minhas palavras? Para ti sou livro aberto e escrito com tinta cordial vermelha, pulsante e quente. Em teu regaço sou vernáculo fluído, gostoso, simples e refinado ao mesmo tempo. Tenho alma transparente, e isso é motivo da minha credibilidade e por vezes, motivo das minhas dores...

Marly Bastos

domingo, 4 de agosto de 2013

APENAS PALAVRESIAS

                               
Ah por que essa poesia não se cala dentro de mim?
Será que é porque sou o que ela fala?
Ela às vezes parece um arranhão na alma,
Ocorrido ao acaso, pelo teu pouco caso.
Parece ser o regresso das minhas emoções,
Onde embevecida, caminha por entrelinhas...
Do meu riso e pranto.

Que sina é essa de dar vida às palavras?
Tirar da pele a tinta,
Dos poros a emoção,
Do sibilar do vento a cadência!
De você extraio o desejo vertente
E da emoção o respirado gosto...
Sob o teu olhar de puro algodão,
Traço o verso na batida ofegante do coração
Por onde sôfrega o gozo.

A vida da minha poesia não é minha vida.
Nem meus sonhos,
Nem minhas histórias,
Nem minhas lembranças,
Nem meus esquecimentos.
Nem tampouco meus (des) amores .
Minha poesia, sou eu...

Tenho uma verborragia despida de medo das ideias
E vestida de coisas sinceras.
Minha poesia são as palavras caladas em mim,
É a minha ânsia de viver além da minha grande rotina,
São os meus valores que transcendem os meus sentidos.
Essa poesia que não se cala dentro de mim,
É meu precipício por vezes,
É meu descaminho por ocasião,
É o meu coração com asas.

Marly bastos

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

DESASSOSSEGO


Prendi o meu grito de amor, e me calei.
Abriguei-me num afeto entristecido...
Diante da minha dor, eu vacilei
Na imensidão do meu desejo contido.

Quando a lágrima desceu , eu menti,
No peso das ideias sem sentido,
Seu desprezo me enfureceu, e a cara escondi.

Nem mais da minha boca é o esgar,
Nem do meu pranto é o chorar...
Sou apenas a ânsia de saber quem sou,
Herdei somente o beijo que acabou.

Chorei e chorei, lágrima adormecida:
Acordada fiquei numa dor sem fim...
Esqueci por momentos da triste vida.

Meu coração entristecido bate,
Num ritmo de despertador,
Meu sonho inquietante,
Cutucando minha dor...

Assim, minhas divagações vou conduzindo
Vivendo no dormir acordado,
Em um desassossego infindo...

Marly Bastos

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

UMA ÓTICA PARA UMA NOVA VISÃO

A tecnologia óptica avança em ritmo louco. Ainda me lembro de quanto surgiu a lente de contato. Coisa melhor não havia... Uma bela oportunidade para aqueles que se sentiam escravos dos aros e lentes, e que dos benditos óculos dependiam no dia-a-dia. Lentes de contato! Maravilha do século (pode parecer exagero, mas quem tem que usar óculos sabe o aborrecimento que é pra executar certas tarefas). Até para tomar um café com essas lentes externas é complicado, pois embaça tudo; o uso constante trazem olheiras , afundam as órbitas e escondem uma verdadeira mirada...Bem há inconvenientes diversos, isso é fato!


Artur era uma dessas pessoas que sabia dos inconvenientes que os pesados óculos traziam e resolveu que ia incorporar essa fabulosa tecnologia à vida dele. Afinal, por 23 anos ele escondeu o verde esmeralda dos olhos e era tempo de mostrar ao mundo o que a natureza tinha proporcionado de melhor pra ele.

Marcou consulta, fez exames, e foi constatado que ele tinha rejeição ao tipo de lente oferecida pelo mercado brasileiro. Tinha que ser importada! Mais uma vez ele foi ao fundo do saco, e buscou todas as economias pra encomendar as lentes. Esperou “séculos de ansiedade” por essas lentes. Parecia que vinham amarradas no casco de uma tartaruga.

Finalmente chegaram as lentes de contato! Foram feitos os ajustes, e os óculos foram para o fundo da gaveta. Artur agora era outro homem, parecia que tinha emagrecido uns cinco quilos depois que colocou as lentes. Agora não era mais “aquele rapaz de óculos” e sim “aquele moreno dos olhos verdes!”

Até a ex-esposa do Artur, gamou por ele de novo. Estava sempre “esbarrando” com ele sem querer. E ele sempre fora apaixonado por ela. Separaram sem quê e nem pra quê. Agora ele achava que eram culpa dos óculos. E porque não tentar de novo? Afinal, ele agora era outro homem, todavia com os mesmo sentimentos por ela. Resolveram tentar.

Combinaram de saírem para jantar. O jantar foi fabuloso por sinal! Olhos nos olhos... Acabaram num motel. E Artur viu que as lentes de contato foram de todos, o melhor investimento da sua vida! Debaixo do chuveiro, podia ver as gotículas de água escorrendo pelas costas da mulher amada; na hora do amor pode ver o prazer dentro dos olhos dela (antes era tudo embaçado, já que tinha que tirar os óculos). Via tudo... Os pelinhos finos e dourados das pernas! Demais... Tudo era visto nos detalhes!

Estava tão bom que resolveram pernoitar ali mesmo. A mulher cansada dormiu logo, e ele despreparado, não sabia que iria ficar ali, resolveu colocar as lentes em um copo com água (não se podia dormir com as lentes, pois irritava os olhos). Não era o correto colocar as lentes na água [deveria se no soro fisiológico], mas era o que podia fazer no momento. Satisfeito com a vida, virou pra um lado e dormiu profundamente.

Acordou bem disposto, com um sorriso nos lábios e sentiu a presença quente e amada da ex. Tudo embaçado... Mas isso se resolvia facilmente e poderia novamente ver toda beleza que a mulher tinha. Pegou o copo e foi pro banheiro... Ficou estarrecido!
O copo estava vazioooooooooooo! O coração parou! Tudo girou! Cadê as lentes de contato??? Cadê meus olhossss?????

Volta trêmulo para o quarto e pergunta: -O que houve com a água que estava no copo em cima da cômoda???
Ela com voz amorosa e lânguida responde: -Bebi amor, acordei com sede e achei que tivesse deixado a água ali pra mim. Obrigada!

O sangue faltou... Depois, uma erupção de ódio, revolta e descrença. Não queria mais vê-la! Odiava agora aquela mulher! Havia levado dele a boa visão, aquela noite custou-lhe realmente os olhos da cara!

O mundo estava agora embaçado outra vez. Com custo chegou em casa depois de deixar a EX NA CASA DELA. Buscou no fundo da gaveta os velhos aros, que pareciam pesar uns cinco quilos no mínimo. Amargamente pensava: ex é ex... E ele agora era o ex “moreno dos olhos verdes” e passava novamente para o “rapaz de óculos”.
Marly Bastos