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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

NOS DOMÍNIOS MASCULINO??!!

O dia começou atravessado! Cheguei ao estacionamento da escola, e descobri que o pneu do meu carro estava furado. Resolvi mostrar que sou uma mulher dinâmica e atual, e que eu mesma ia trocar o pneu. Veio o vigia e ofereceu para fazer o trabalho. Dispensei! Veio um colega de trabalho dizendo que eu deixasse esse “negócio” que ele fazia. Dispensei! Outra colega disse pra eu chamar o borracheiro da esquina e eu disse: “Que nada, estou acostumada a fazer isso sozinha.” Fiz pose de quem ia usar a força braçal, abri o porta-malas, retirei o carpete pra lá e aí os problemas começaram...

O pneu limpinho e sem uso, estava preso por um parafuso com uma porca gigante. Torci, estiquei, bati e ele continuava lá irredutível, não se mexeu! Resolvi começar, então, pelo macaco. Coloquei mais ou menos onde já havia visto colocarem, e comecei a munhecar aquilo. Suei bicas, meus cabelos arrepiaram, minha blusa branquinha ficou grudando, e minha coluna doía de tanto ficar com o traseiro pra cima. Consegui! O carro subiu. Peguei a chave de roda e fui desapertar as porcas... Eu girava a chave, e a roda girava. Girava a chave e a roda girava! Girava...Girava. Como diria meu pai, “fiquei desacorçoada”(expressão que se usa no interior de Goiás, pra quando bate o desânimo, vergonha, humilhação...).

Nesse ínterim, chegam dois colegas “sapeadores” e começam a ensinar:

- Nãaaaaaooo, você tem que tirar o macaco, desapertar as porcas, depois colocar o macaco, subir o carro, tirar o pneu e colocar o outro. – Disse o primeiro e o outro concluiu:

- Depois é só abaixar o carro com o macaco, apertar as porcas, pegar esse pneu e levar ao borracheiro...

- Ahh é??? Pois bem... Quer saber? Essa coisa de trocar pneu NÃAAAAO É DE DEUS!!! QUEM INVENTOU PNEU FURADO FOI O DIABO!!!.

Tirei o macaco, guardei e fui ao borracheiro com o pneu furado. Já que eu tinha que ir lá mesmo, então que ele fizesse tudo. Resolvido, mas a roda ficou amassada... Tanto sacrifício pra não andar uns 500 metros com o pneu furado! Imagine! E depois, teria que guardar o pneu sujo... Esse foi o argumento que usei em casa, para fazer os homens compreenderem, o porquê da roda amassada, que precisava urgentemente de conserto, pois o pneu estava perdendo ar. Sinceramente, acho que carro de mulher devia ter um pneu anti furo, já que não é tarefa fácil.

Decidi que a partir de agora, vou valorizar mais uma oferta de ajuda na troca do pneu (aliás, nada de ajuda! Vou deixar o serviço por conta da parte competente), afinal, aquilo que é ruim para a beleza, é ruim pra nós mulheres né? Eu quem o diga, pois na tentativa da troca do pneu, eu fiquei um lixo: Suada, cansada, mau-humorada, descabelada e com uma unha quebrada...

Conclusão: Em tarefa de macho, mulher não deve dar pitaco! Homens!! São de seus domínios: Pneu e macaco!

                                                             Marly Bastos

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

LAÇOS ESMAECIDOS

"Você já reparou como é curioso um laço…[...]
Ah! Então é assim o amor, a amizade.
Tudo que é sentimento?
Como um pedaço de fita?
Enrosca, segura um pouquinho,
mas pode se desfazer a qualquer hora,
deixando livre as duas bandas do laço.

Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.
E quando alguém briga, então se diz
- romperam-se os laços.[...]
Então o amor é isso…
Não prende,
não escraviza,
não aperta,
não sufoca.
Porque quando vira nó,
já deixou de ser um laço!"
[O laço e o abraço – Maria Beatriz Marinho dos Anjos]


LAÇOS ESMAECIDOS

Em compasso de espera: Meus Pensamentos!
Vou dobrando, confusos sentimentos.
Nó e laço de lembrança infinita,
Que me persegue e em mim habita...
Refazendo o contorno da tua imagem,
Trama que ata e desata... Eterna miragem!

Teu sorriso, ponto de chegada... Alegre ânsia!
Tua voz, porto de partida... Distância!
Teu abraço, refúgio de prazer... Doce calma...
Agora laço frouxo... Dor n’alma.

A saudade Jocosa, fica a ruminar,
Uma pequena amargura e doce sonhar.
Vasculhando sinais da pretérita vida,
Nó apertando a dor da saudade sentida...
Difusos nós cegos,apalpando desatinos
Laços esmaecidos, que se dobram repentinos!!!

Marly Bastos

Tive que mudar os créditos do poema "O laço e o abraço", embora sejam dados os créditos ao Quintana, a Maria Beatriz prova que é a autora do mesmo. Então mudo os créditos e que me desculpe a autora, pela minha ingenuidade, devia ter pesquisado mais para poder creditar.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

ESCREVER TUDO = ROUBADA!


Nem tudo que escrevo é mentira, também não é de todo verdade, pois creio que se escreve com o que se tem de experiências, e não propriamente com o que se tem de sentimentos... Agora quando as duas coisas se juntam, o texto fica com certeza mais profundo, mas emotivo, ou seja, ele fica mais texto.

Quando adolescente e meus hormônios estavam em alvoroço, eu escrevia o que sentia mesmo, escrevia com a alma aberta e geralmente o coração ferido. Lembro de uma vez que me apaixonei por um artista de televisão e ele traiu-me casando. Isso mesmo, ele casou! E sem ao menos se importar com minha paixão platônica e anônima. Está certo que ele nunca soube que eu existia, mas e daí? Eu amava assim mesmo e sofri horrores. E nesse dito sofrimento, escrevi e escrevi. Desabafei tudo, disse que ele era um insensível por ter desprezado daquela forma meu amor e todos os beijos que eu sonhei pra nós. Páginas e páginas de raiva, frustração, amargura e dor de cotovelo.

Minha irmã (xereta que só ela) achou meu diário e leu. Mostrou pra minha mãe, que contou pro meu pai que eu estava apaixonada e pelo jeito, o rapaz tinha abusado de mim, levando em consideração minha raiva e mágoa... Pensa num "revudú" que deu! "A porca torceu o rabo e a vaca tossiu". Meu pai queria saber quem tinha abusado de mim e disse que ia matar o safado! Pensa numa criatura com 13 anos que passou “coió” nessa hora. Como explicar para eles que era tudo invenção da minha cabeça, que era uma "apaixonite" de araque? Odiei minha irmã e desejei que a unha do dedão do pé dela caísse.

Sem saída contei que o mocinho que me fazia sofrer era artista e que os beijos eram apenas na minha cabeça e que eu nunca havia beijado[ainda]. Que droga, além dos meus sonhos desfeitos pelo insensível galã, agora era exposta ao ridículo pelos meus pais que olhavam pra mim como se eu tivesse um parafuso a menos na “caixola”. A verdade é que eu acho que tenho mesmo, mas não por me apaixonar aos 13 anos por um galã de novelas. Eu precisava daquelas fantasias para amadurecer para o amor. Fiquei traumatizada sabia? Muitos anos minhas escritas ficaram caladas, e se por acaso a dor ou alegria eram grandes demais pra sufocar no peito, eu transformava em um monólogo capturado por um gravador imaginário... Hoje já venci o trauma, e exponho minhas neuroses, meus traumas, minhas dores, meus amores,minhas alegrias, meus sabores e dissabores  pra quem queira ler, pra quem queira saber. Sou maluca? Pode-ser, só não me internem, pois preciso de liberdade pra viver loucamente.

Nem sempre devemos escrever a nossa realidade [seja interior ou exterior, e isso descobri desde cedo [mas eu adoro o perigo e escrevo...]. Amadureci, mas ainda deixo a menina que existe em mim vir à tona e brincar com as palavras, ela se lambuza com as licenças poéticas, se empanturra com as metáforas, molda no coração o lirismo e deixar voar como borboletas no jardim, os versos. Minha alma às vezes é uma menina sapeca e maluquinha...Se com isso entro em fria?? Claro! Mas aí, eu esquento o "bagaço" com uma sensualidadezinha aqui e ali!

                                                             Marly Bastos a "Maluca Beleza"

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Blogagem coletiva: ESCREVA ALGO PARA SEU PÚBLICO


             Blogagem proposta pelo “Masmorra do Pedro”  [http://blog.pedromoreno.com.br/?p=469]

            Amo escrever e isso eu faço desde minha adolescência quando tinha sobre os ombros um catatau de emoções e não podia e nem tinha como extravasar... Tantos amores platônicos, tantas crises existenciais, tantas lágrimas sem sentido, tantas beijos não beijados e a única forma de concretizar e cartasear tudo isso era na escrita. Escrevia folhas e folhas com minha letrinha redondinha e colocava por todos os lados corações sorridentes, ou transpassados pela flecha[do safado do cupido].Tinha um caderno cheinho dos meus segredos, dos meus desejos tão inocentes, mas que eram meus... Até o dia em que minha irmã mais velha leu tudinho e caçoava por descobrir que eu era apaixonada pelo vesguinho que morava ao lado. Senti-me invadida,pois como diz a música de Rolando Boldrin:O amor é meu, o coração é meu/ De mão beijada entrego a quem quiser/ Eu só queria ter um bem/ Faz de conta que eu já tenho alguém/ E que esse alguém também me quer...” Depois disso, queimei o caderno e transformei os meus sonhos em cinzas. Chorei, pois estava assassinando pedaços da minha existência...
            O tempo passou e a necessidade de escrever sempre reboliçou dentro de mim, e eu sempre traçava umas linhas sobre os fatos que me aconteciam. E como cresci e amadureci um pouco, já não me importava em deixar fluir meus sentimentos ou que os outros lessem. Já não eram mais segredos e sim impressões de coisas que sentia, via, ouvia e refletia. Já tinha muita coisa escrita, por todos os lados e muitas delas iam para o lixo até que resolvi abrir o blogger em 2007 para “guardar” minhas escritas. E era isso que eu fazia. Abria minha página, postava e fechava. Não sabia dessa coisa de compartilhar, de comentar ou de visitar. Estranhei quando começaram a surgir pessoas me seguindo e somente no início de 2009 eu comecei a “fuçar” aqui e descobrir esse diversificado e maravilhoso mundo Blogger.
            No início de 2010, por uma série de desilusões eu chutei o pau da barraca e exclui o meu blog chamado “Palavreados ao Vento” e decidi que não mais abriria outro. Sai de tudo e fiquei enclausurada em mim mesma até que uma pessoa muito especial pediu para eu voltar, pois segundo ela, a blogosfera não era a mesma coisa sem mim[e eu me senti a tal]. Eu voltei com “Palavras ao bel prazer”, que pra mim foi um prazer voltar! Todavia a pouco tempo por um motivo de configurações, meu blog estava mesclando com outro com o mesmo nome e eu mudei para “Palavresias”.
            Meus companheiros blogueiros são maravilhosos e cada um tem sua maneira peculiar de escrever, de refletir suas idéias, de comentar, de demonstrar seu carinho.Verdade que tem os mais chegados, os que a gente se identifica. Outros, eu sei vem caladinhos e me seguem sem comentar nada, mas estão lá no meu painel de seguidores e saibam que eu sempre quando posso visito os que tem link de direcionamento, outros são apenas leitores[sem link]. Então a cada um de vocês blogueiros ou  leitores eu agradeço de coração pela paciência em me acompanhar, em agüentar minhas neuras, em se esforçarem em comentar [as vezes o incomentável].
            Não cito nomes para não correr o risco de deixar alguém de fora. Todos me são caros e especiais. Encontrei-me com alguns queridos com os quais formei laços nesse mundo virtual e eu fiquei fascinada pela bagagem cultural e humana que essas pessoas têm e queria encontrar tantos outros para um dedinho de prosa e um abraço de urso. Enfim, gracias por cada pessoa que lê meus escrevinhamentos e fazem parte da minha vida, mesmo que de forma virtual.
                                                                Marly Bastos

domingo, 19 de agosto de 2012

DESIMPETUALIZAR

                                                                         Imagem da web
A maturidade existencial não depende da idade cronológica isso é certo, pois há pessoas de alma velha e que a definição de amadurecimento não lhes cabe. Outras de tanto dar cabeçada pelos “ais” da vida se tornam tão amargas que não deixam o doce sabor da maturidade as alcançar. E há aquelas pessoas que apenas seguem padrões de comportamento, mas que no fundo, no fundo não passa de uma fotocópia desbotada de lições que deveriam ser inseridas como bagagens de conhecimento e experiências.

Há um ditado popular que diz que “A gente nasce sabendo e morre aprendendo”. Isso se baseia na desconstrução de idéias. Chega uma época em nossa tenra idade que sabemos de tudo [ou pensamos saber de quase tudo], antes mesmo que nos formule a pergunta, pensamos ter a resposta, antes que nos peçam algo, já sabemos onde encontrar. Entendemos mais de tudo... Depois, com o tempo vamos desconstruindo esses conceitos e meio a contra gosto descobrimos que não sabemos nada, que aprendemos com os outros. Tudo que antes era “sabidagem” cai por terra e descobrimos que quanto mais pensamos saber, mais tolo somos; que quanto mais vivemos, mais descobrimos que nada sabemos.

Há aquelas pessoas maduras cronologicamente, mas que não conseguem chegar à maturidade existencial, talvez por negação, por medo da velhice, por medo dos problemas, por medo dos relacionamentos, por medo da vida. Esquecem que a vida passa, que os anos não param e que querendo ou não, envelhecem, e morrem [ não seguindo o fluxo natural da vida: nascer, crescer, produzir e morrer]. Então podemos dizer que a maturidade é uma característica que só alguns frutos conseguem atingir, os outros, ou são sempre verdes e ácidos, ou cai da árvore e apodrecem prematuramente.

Penso que a maturidade dá uma doçura especial aos frutos da vida e isso talvez seja porque fruta madura no pé recebe mais nutrientes, mas para isso é necessário uma certa paciência...  Creio que  desimpetualizar as emoções seja a palavra que mais cabe nesse amadurecimento sentimental, pois tal qual um rio, que com o longo curso que segue, vai encontrando barreiras e com isso se torna mais manso, menos impetuoso e deixam-se ir mais lentamente desaguar no mar e aí vai mesclando sua doçura ao salgado e com isso se entregando às profundezas do mar da vida. Ou ainda poderia comparar esse desimpetualizar com dois amantes que deixam a paixão voraz, pela entrega de forma natural e fascinante,seja no gosto do beijo onde o alcalino e ácido se misturam no delicado beijo;ou  nos carinhos que se tornam mais brandos e sutis [e talvez remotos] todavia alcançam maior intensidade.

A verdade é que nunca estaremos plenamente maduros, mas isso é bom e importante, pois nos dá a chance de continuarmos a buscar conhecimentos, a mudar nossos conceitos, a refletir sobre a vida, a sermos mais tolerante nessa grande diversidade que é a vida. Lembro de meu avô paterno que consternado dizia: “Quando envelhecemos e aprendemos a viver melhor, adquirimos uma bagagem maior de conhecimento, ficamos um pouco mais sábios, morremos”. Isso mostra o quanto o ser humano é inacabado, que até na hora do suspiro final, ainda aprende coisas, descobre um outro lado que até então lhe é desconhecido.
                                                               Marly Bastos

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

CHUVA DE CIO (Estou atrasada e em falta com muitos companheiros, mas estou passando por uns dias que faltam horas. Tenham paciência...)

Poeminha bobo, para um bobo qualquer...


Sou em teus braços chuva de cio
Em torrente,
Condensando a loucura
-instante demente!

Evaporando no calor do seu corpo
Todo ebulição,
Ostentando fragrante momento
De pura sedução.

Assaltam-nos catadupas
De desejo camuflado!
Nessa torrente o ritual compasso,
Sempre acertado!

Imaginação que tortura,
Excitamento em (ex) tensão.
Idéia fixa... Tenho por ti
Uma inquieta (pre) tensão.

Marly Bastos

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

UM ENCONTRO MAIS QUE ESPERADO.


Nesse mundo virtual, encontramos todo tipo de gente e é claro sempre há preconceitos quanto às amizades que formamos por aqui, isso é fato.  Mas, tenho encontrado tantas pessoas maravilhosas nesse mundo virtual que se pudesse queria conhecer todos. Dá uma vontade danada abraçar aquele amigo que sofre por algum motivo e necessita da sua palavra, do seu carinho e atenção e muitas vezes a palavras escrita não alcança o que queremos transmitir, é necessário mais: Tato, contato e um abraço.
Claro que também nesse vasto mundo, onde todos estão por trás de uma tela, há os falsos e mentirosos, há os que se aproveitam do anonimato para disseminar intrigas, fofocar, vasculhar a vida do outro, promover suas malquerências e mentir descaradamente com um perfil fake e que tenta passar por uma pessoa idônea, sendo na verdade um estorvo virtual. Esses, a gente tem que ter distância e até medo.
Ontem dia 13/08 tive o privilégio de conhecer a queridíssima Luciana Santa Rita que tem um blog muito reflexivo e com textos densos e cheios de informações que é o http://lucianasantarita.blogspot.com.br [Navegando no cotidiano] que veio a trabalho aqui em Brasília e é de Maceió.  Luciana tem um sotaque bem característico da sua região e  se mostrou uma pessoa muito bem humorada, sincera, focada nos assuntos diversos que discutimos e de uma simpatia contagiante. Apaixonei-me por ela [no bom sentido] e fiquei triste por não ter tido mais tempo para jogar todas as conversas fora, abraçar mais e saber um pouco mais da vida dessa imensa pessoa. Mas ela prometeu voltar e estou aguardando.
Foi um encontro  que já deixou saudades, tomamos um bocado de café para embalar nossa prosa e quase fomos colocadas pra fora do shopping,  já que a conversa não se esgotava. Como eu disse, nesse mundo virtual tem tantas pessoas maravilhosas e com conteúdo que esses que nada oferecem, nem importa e como diz Quintana, "Eles passarão e eu [nós] passarinho.”  

                                                            Marly Bastos


sábado, 11 de agosto de 2012

SINTO-ME ASSIM...



      Não sei... Tenho chorado por pouco, sofrido por menos e sentido por demais. O que me deixa assim, eu não sei, talvez sejam os problemas do dia-a-dia... Tenho vivido de expectativas e frustrações, de indagações para perguntas que não tem respostas. Em todos esses meus anos de existência, poucas coisas guardo no baú das (im)possibilidades [saudades, segredos, desejos, decepções, traumas e algumas alegrias que decidi não repartir).
      Recordo os caminhos de longe, e acho tão longe os caminhos de perto! Descobri que os espaços abertos da infância, nem todo o mundo pode devolvê-los. Os sonhos eram pequenos e simples, mas não tinham limites, eu os criava e recriava. Era autora e atora da minha história... Não tinha autonomia para quase nada, mas era dona de mim, dona da minha matéria-prima frágil, mas virgem... Intocada pelos dissabores da vida! Hoje tenho autonomia, mas sou escrava das convenções, conceitos, rótulos, imagens, palavras, juízos e definições, que bloqueiam os sentimentos e interferem nos relacionamentos verdadeiros...
      Fico pensando o quando nos mascaramos para nos defendermos da matéria fosca que a vida traz... Sinto que estou deixando a vida escorrer por entre os dedos do tempo, enquanto ela devia jorrar como manancial precioso, cortando a história, fazendo trilheiros, abençoando as vidas por onde passar.
      Sinto saudades dos tempos de aventura, dos tempos de fantasia, dos tempos de paraíso, dos tempos da inocência, dos tempos da adolescência e da falta de consciência. Sinto saudade do colorido aguçado das coisas.
      Ainda há um lugar vazio, onde foi me roubado um beijo, e uma desordem por um tufão de emoções em minha vida. Eu na verdade queria ser recriada, ir me fazendo criança, trocando a experiência pela infância, o trabalho pela brincadeira, a realidade pelos contos de fadas. Trocava o galopar do cavalo alado capitalista, pelo cavalo-de-pau tão fraco quanto minhas perninhas de outrora.
      Vou vagando e divagando ao longo da minha vida e quando faço isso, acabo na escrita e... Escrevo poemas sim, pois eles falam de mim e eu deles. Somos parceiros na solidão, camaradas na emoção..! 

 Angústias, dúvidas, tristezas
Ansiedades, desejos e nudezas,
Todo mundo tem
E sabem de onde vêm.
Mesmo no desconsolo da vida,
Sigo em frente, embevecida.
No regresso das minhas emoções,
Onde a vida parece arranhões
Que a poesia não cala,
Pois eu sou, e não sou o que ela fala...
Encontro na vida corrida,  riso e pranto
Formados por encanto e desencanto.
E assim vivo meu delírio, poetando,
Em versos me expressando.
Tudo é sobejo de saudade,
Pedacinho de “desfaço”,
Tiquinho de felicidade.

Marly Bastos

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

MULHER DE VERDADE

                                            Adrian Martins “Mulher sentada e leque” (2008)

O fogo que ela possuía era maior que os rígidos princípios impostos pelos seus pais no quesito moral e bons costumes.Morava em uma fazenda, era moça de família abastada e os pais a criavam como se fosse uma prisioneira e com isso achavam que a estavam protegendo de "se perder na vida". Não viajava sozinha, não conversava com qualquer rapaz à sós e era a pureza[aparente] em pessoa. Como não a deixavam namorar os pretendentes que apareciam, começou a namorar escondido o vaqueiro contratado para a lida do gado (afinal, esse eles nem sequer cogitavam de que ela o pudesse querer). Esse namoro durou muito tempo, sempre em secreto e nunca deixavam que ninguém notasse nada. Os encontros furtivos, aconteciam nos pastos, bananal  e beira do rio....

Ela adoeceu e todos achavam que estava com problemas sérios no fígado, já que apresentava uma pele amarelada, muito enjôo e um inchaço inexplicável... Numa noite, sua mãe deu pela falta dela na cama e saiu pelo quintal da casa para ver por onde ela andava, já que estava passando muito mal do fígado nesse dia e a encontrou no galinheiro com um bebe nos braços. Desmaiou quando viu a cena, da filha com resto de parto por todo o corpo, banhada de sangue e com um bebe ainda preso ao cordão umbilical.Depois de recobrar os sentidos, ajeitou cobertores, linha e tesoura para terminar o parto. Levou ambos para dentro de casa e acordou o pai... Foi constrangedor, foi mortificador, foi aterrorizante, foi assustador (nesse caso para os pais). Procuraram saber de tudo após tudo ajeitado e ela teve que contar toda a história e quem era  o pai da criança. O vaqueiro vendo que a coisa ia "feder" pro lado dele, e já que ela não quis contar antes, fugiu para sua terra.No outro dia, o pai foi atrás do rapaz vaqueiro e pai do seu neto e o trouxe de volta. Casaram e viviam felizes já por 03 anos , todavia ele teve uma parada cardíaca enquanto corria atrás de um bezerro fujão e morreu ali mesmo no pasto...

Depois de uma viuvez por 04 anos e o fogo interior que não se apagava, começou a namorar um primo, os pais já não implicavam com ela, afinal agora era uma mulher viúva e tinha responsabilidades, não ia deixar acontecer de novo o fato... Casaram com toda a pompa que se podia pensar e cinco meses depois ela deu à luz uma menina. Para a época foi outro escândalo, todavia menor que o anterior. Viveram felizes por 05 anos até o marido se enrabixar por uma mulher mais nova e com ela sumiu para o interior do Pará.
Ela agora ficou sozinha e com 03 filhos para cuidar, e saibia que os pais não teriam obrigação de cuidar dos filhos e dela, então arrumou emprego, pagou faculdade, passou num concurso público e foi ser feliz. Mas, não foi feliz mais. Estava com a alma amargurada, sentia na pele a dor do abandono, se tornou estéril de sentimentos e fria de qualquer sensação de prazer sexual. Não queria mais homem. E assim viveu por mais 23 anos, na mais completa solidão, pois os filhos casaram, mudaram e  se voltaram para seus filhos.

Um dia, ela não apareceu na varanda da casa, onde dali observava  todo mundo, não atendeu telefonemas, não abriu a porta quando a chamaram. Houve preocupação... Arrombaram a porta e ficaram estáticos com o que viram: Um bilhete, escrito com capricho:
"Em meio a um rio de amargura, encontrei alguém que pode fazer jorrar do meu interior aguá doce e sarar minhas vertentes. Fui ser feliz, qualquer dia eu volto."

Alguém após ler isso disse:" A mesma de sempre, irresponsável, egoísta e tola, deveria estar se guardando para o marido que um dia virá arrependido." Ela não era "Amélia", mas era uma mulher de verdade, que teve coragem de seguir sua vida, apesar dos desencontros, apesar do que poderiam dizer, apesar das possibilidades de dar tudo errado. Sim, mulher de verdade.

                                                                 Marly Bastos

PS Qualquer coincidência pode ser mera semelhança e qualquer semelhança, pode ser mera coincidência...


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

QUE ?...


Que batida é essa do meu coração?
Bate bate, ferindo a emoção.

Que amor é esse que me suspira o ser?
Haaaaah, é saudade, haimmm, é doer! 

Que saudade é essa, que me devora o imo?
Mexe e remexe a vontade, misturando o quimo.

Que lágrimas são essas paridas na dor?
Sempre há desencontros nas histórias de amor.

Que ausência é essa que meu coração sente?
Parece pra sempre essa falta presente.

Que poesia é essa que vem de repente?
É paixão se fazendo verso, derramando a gente!

Marly Bastos

domingo, 5 de agosto de 2012

AMIZADE ETERNA.


Para alguém que conquistou minha amizade para sempre, e que hoje me faz chorar de tristeza pela sua eterna partida... Ahhhh amiga, era só aguentar um pouquinho mais que ela talvez desistisse de te levar...



É tão fria e sem cor
Essa hora devida em dor!
Um voo se fez sem cautela
E a morte se pôs sentinela!
Levando-na ao seio da eternidade,
Deixando um vendaval de saudade,
De alguém que era pura vida,
Sem medo de qualquer lida...
Nela, a palavra era dia,
E sua amizade , poesia...

Esse texto abaixo, foi escrito a minha querida amiga Andreia Maria, que ontem deixou essa vida e que a pouco mais de um ano atrás me deixou completamente sem chão ao me contar que estava doente... Dia 04/08/20012 sucumbiu à morte. 
E EU ACHANDO QUE MINHA GALINHA ESTAVA MAGRA!

Há um ditado que diz assim: “ A galinha do vizinho é sempre mais gorda que a nossa.”... Fico pensando se realmente é. Esses dias encontrei uma amiga que a muito tempo não via e como sempre, a encontrei sorridente, astral maravilhoso, cheia de energia, linda e elegante. Tudo que uma mulher gostaria der ser, está caracterizado nessa pessoa.

Conversa vai, conversa vem e ela e disse que estava afastada do trabalho por motivos de saúde. Procurei com os olhos indícios de algo errado com ela e não encontrei nada aparente. Seria um problema psicológico? Com aquele sorriso maravilhoso, olhar brilhante e super animada... Não tinha condições de ser também.

Perguntei se ela gostaria de me contar o que se passava com a saúde dela, e a resposta que obtive foi: "Amiga, estou com câncer no cérebro, metástase sabe?" Fiquei com os olhos arregalados diante dessa resposta, um nó na garganta que fez um barulho enorme quando engoli em seco. Fiquei sem chão. Confesso que somente esbocei um som inexprimível e depois, reticências da minha parte. Não sabia o que dizer diante do que ouvi. Ela percebeu é claro! Segurou em minhas mãos, me olhou nos olhos e concluiu: “A vida é preciosa amiga, não sabemos quando ela vai ser interrompida, mas quando estamos diante da morte e com os dias contados, o melhor é não perder tempo lamuriando o destino. Pra mim, a vida é uma dádiva de Deus. Ele a deu e Ele a toma quando quer.” 

Mesmo assim, diante de tudo que ouvi, o nó na garganta continuava apertado.Levantei da mesa onde estávamos tomando um café, me despedi e saí meio anestesiada. Tudo bem, Ele leva quando quer, e é certo que um dia iremos embora também dessa vida, mas pensar nisso causa um desconforto.Não estamos preparados para a finitude da existência. Eu creio na tricotomia do homem, que ele na verdade é um espírito, mora dentro de um corpo e possui uma alma. E o que na verdade padece é essa casa em que moramos... Mesmo assim não posso dizer que é fácil aceitar isso.

Câncer no cérebro? Quem foi que disse mesmo que a galinha do vizinho é sempre mais gorda? Decididamente a galinha do vizinho às vezes é bem mais magra que a nossa, e não notamos que a aparência opulenta fica por conta das penas. Temos a tendência de achar que os nossos problemas são maiores que os dos outros, que a dor em nós é mais intensa e que nossa tristeza é mais profunda. 

E eu que tinha saído aborrecida de casa, achando que a vida não tem sido boa comigo e que Deus parece que me esqueceu... Por qual motivo mesmo é que eu estava me lamuriando tanto da vida e questionando Deus???

PS: Notei que minha galinha anda bem gordinha!!!!!

Marly Bastos

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O AMOR É IMPREVÍSTO


O amor é atrevido, enxerido.
O amor é pedaço, que busca complemento.
Ele é improviso, vem sem avisar.
O amor é fato!! Mas, é inexato.
Às vezes é chegada, outras partida.
Ele é busca e achado.
Amor é mais que amizade ou paixão,
Amor é profunda dedicação,
É um vínculo afetivo imutável e intenso.

O amor subjuga vontades e o querer sensato...
Aí, ele é confusão,
Conspiração,
Intuição
E doação.
É caminho, é perdição...
Amor, sentimento contraditório:
É mais que um, é comum.
Amor é fusão e ao mesmo tempo solidão...
Amor é sem razão, totalmente coração!!!
Marly Bastos