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domingo, 25 de janeiro de 2015

AINDA QUE FANTASIAS...

                                    Imagem da Web
Fantasias são os devaneios e viagens mentais que a nossa imaginação nos permite... Elas são necessárias para enfrentarmos os vazios que a vida real traz, ou que os sonhos não concretizam... As agruras da vida e a dureza cotidiana, tomam conta do nosso existir e aí fica a impressão de que somos fracos demais para mudar nossa realidade, então torna-se aplausível criar asas nos pés e voar na imaginação.

São tantos tipos de fantasias, mas o certo é que elas nos levam para o fim do arco-íris... Elas sempre acometem corações sedentos de vida, de amor, de paixão e de todos os sentimentos que nos dão  a possibilidade de viver plenamente. É na impossibilidade que a fantasia se torna possível, pois nela nossas vontades alçam voos, quebram protocolos, rompem as correntes das convenções e dá uma rasante no intocável!

Fantasiar é criar um mundo que almejamos. E isso nos faz querer encontrá-lo... Naquele minuto de desconsolo da vida e de buscas vãs, embevecidos deixamos vir à tona regressos de emoções que nem o tempo martirizado pelos arranhões das unhas da saudade pode calar a poesia de encantos [e até desencantos]. Fantasia é sobejo de saudade, é delírio de vontades guardadas, pedacinhos de “desfaço a realidade” e um bocadinho de felicidade.

Às vezes a vida é tão dura e dolorida, a realidade tão sonsa, que necessitamos ter um pouco mais... Divagar numa fantasia é dar um refresco para o espírito, é fabricar sonhos e dar uma razão que preencha o vazio. Aí é que entendemos que divagar numa fantasia é melhor que nada, pois nela, nem que seja por alguns momentos temos tudo... Ou quase tudo!

Fantasiar é criar um mundo ou a possibilidade de um momento no qual esbarramos nas concretudes que ansiamos. É tão bom fantasiar, é maravilhoso devanear! E dentro desse mundo à parte podemos por alguns momentos encontrar realizações. Isso é, até que algum estudo psicanalítico diga que isso é loucura, ou algum manual psiquiátrico diga que é um transtorno...

Marly Bastos

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

DIZ MOÇO, DIZ...

                                                        foto da Web
           Estou precisando de um terapeuta para o meu EGO. Esses dias olhei-me pelo espelho e gritei:”Meu Deus, estou parecendo uma jaca albinaaaa! Gente que tanto de celulite... Estou gorda! Fui pra academia no outro dia e me matriculei. O que queima mais gordura por aqui? Spinning? Então, começo por ele. Pedalei 45 minutos sem parar, suei feito cuscuz no ponto e no outro dia ainda tinha a impressão de estar com o selim no traseiro.Que dor! Pilates, musculação, ioga(que quase me quebrou ao meio) e dança de salão, queria fazer tudo. Claro que não agüentei, mas desde o primeiro dia já me senti mais magra..
          Ontem fui fazer fisioterapia (por causa da ioga que eu exagerei) e parei o carro numa rua de trás (como anda difícil estacionamento) . Andei apressada até o outro lado do quarteirão, pois estava meio atrasada. Quando já estava entrando no edifício da clínica, passei por um rapaz que disse alguma coisa que meus ouvidos captaram como “QUE GORDINHA LINDA”!
         Gordinha?? Que abusado, já não basta meu espelho?! Furiosa e num calor de 30º, eu fervi! Virei pra ele e numa voz lenta e entre dentes perguntei: “
         -Que foi que você disse mesmo???
         Ele arregalou os olhos, gaguejou e disse: “
         -Desculpe moça, foi mal...
         -Mal??? Foi péssimo! Como me chama assim de gordinha linda?? Que ridículo...
         - Eu não disse gordinha linda! Eu disse foi QUE BOQUINHA LINDA!
         Putz! Fiquei com cara de bola chutada... ...
        - Ãh... Então tá... Desculpe-me, é que estou meio gordinha mesmo. Sentei na calçada e ri com gosto.
         Ele ficou sem saber o que fazer. Parecia entre divertido e assustado:
         - Que isso moça! Falei da boca... É que você tem boca bonita mesmo...
         Gostei mais do “moça”... Levantei, virei as costas e subi correndo as escadas, calculando as 11 calorias que eu ia perder.
         O problema é que a gente ouve o que o cérebro comanda. Encuquei que estava gorda e bastou algo parecido para eu capitar como fato. Estava precisando de um terapeuta para o ego (e quando Deus manda eu espanto!).
         E já que cheguei mesmo atrasada na fisioterapia, devia ter aproveitado e pedido: “Diz mais moço que minha boquinha é bonita, diz que meus olhos são encantadores, que meu sorriso dilacera qualquer coração, e pode dizer até que sou gordinha, desde que coloque o bela depois, diz moço, diz...”

                                                          Marly Bastos

domingo, 11 de janeiro de 2015

ESPERO –TE




À beira da tua estrada, espero-te.
Com olhar vago, anseio que apareças naquela curva, onde o vi sumir um dia. 
Foste como quem ia ali e nunca mais voltou...
Deixando a tua ausência como ferida, na minha carne,
Como uma tempestade nos meus olhos,
Como um poço de fel na minha boca.
Ausentaste de mim teus lábios,
E deixastes o meus como borboleta com asas quebradas.

Na ponta da língua trago a saudade dos teus gostos...
E minha alma exala teu aroma , pois impregnaste-me o ser.
Sinto o frio que o espaço das tuas mãos deixaram...
Já não tenho a claridade do teu sorriso, nem a profundidade do teu olhar.

Estou carente de ti...
E pergunto no meu coração, se pensas um pouco em mim,
Todavia, não obtenho respostas
E meu espírito silencia-se desconfortavelmente.
Parece-me que nesse silêncio rotundo das minhas entranhas, 
Já nem vivo!
Pois não me percebo, sinto-me feita apenas de ar, transparente,
Ou se alguma matéria tiver, é apenas vidro...

Sou mendiga da tua presença,
Do te amor,
Das tuas palavras.
E sou pedinte à beira da tua estrada.

Marly Bastos









domingo, 4 de janeiro de 2015

TELA DA VIDA

           

Não sei... Tenho chorado por pouco, sofrido por menos e sentido por demais. O que me deixa assim, eu não sei, talvez sejam os problemas do dia-a-dia, a falta de perspectiva na minha vida. Acho que tenho deixado de sonhar os meus sonhos e sonhado os sonhos dos outros. Tenho vivido de expectativas e frustrações, de indagações para perguntas que não tem respostas. Em todos esses meus anos de existência, poucas coisas guardo no baú da saudade ( segredos, desejos, decepções, traumas e algumas alegrias que decidi não repartir).

Recordo os caminhos de longe, e acho tão longe os caminhos de perto! Descobri que os espaços abertos da infância, não podem ser devolvidos. Os sonhos eram pequenos e simples, mas não tinham limites, eu os criava e recriava. Era autora e atora da minha história... Não tinha autonomia para quase nada, mas era dona de mim, dona da minha matéria-prima frágil, mas virgem... Intocada pelos dissabores da vida! Hoje tenho autonomia, mas sou escrava das convenções, conceitos, rótulos, imagens, palavras, juízos e definições, que bloqueiam os sentimentos e interferem nos relacionamentos verdadeiros...

Fico pensando o quando nos mascaramos para nos defendermos da matéria fosca que a vida traz... Sinto que estou deixando a vida escorrer por entre os dedos do tempo, enquanto ela devia jorrar como manancial precioso, cortando a história, fazendo trilheiros, abençoando as vidas por onde passar. 

Sinto saudades! Dos tempos de aventura, dos tempos de fantasia, dos tempos de paraíso, dos tempos da inocência, dos tempos da adolescência e da falta de consciência. Sinto saudade do colorido aguçado das coisas. Ainda há um lugar vazio, onde foi me roubado um beijo, e uma desordem por um tufão de emoções em minha vida. Eu na verdade queria ser recriada, ir me fazendo criança, trocando a experiência pela infância, o trabalho pela brincadeira, a realidade pelos contos de fadas. Trocava o galopar do cavalo alado capitalista, pelo cavalo-de-pau tão fraco quanto minhas perninhas de outrora. 

Vou vagando e divagando ao longo da minha vida e quando faço isso, acabo na escrita e... Escrevo poemas sim! E em alguns sinto que nem tudo está perdido, pois ainda me perco e me acho neles... Não sei se não sei o que sinto. Às vezes sinto que minto pra mim mesma. Fujo do doce amargo das frias conclusões, dos turbilhões que a tela irreal tece da vida. 

Preciso repintar minha história, colocar em evidência as relíquias reprimidas e buscar a mulher em mim, que me foi dada de presente, para amar e para viver de amor. Sem deixar-me abater pelas horas que partiram a vida em sonhos e transformaram meus sonhos, em realidade nua e crua...

Marly Bastos