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segunda-feira, 10 de junho de 2013

GRANEL... PALAVRINHA SEM RÓTULO!


Alguém me manda uma mensagem e no fim dela, lança-me beijos a granel. A GRANEL... Faz muito tempo que não lia ou ouvia essa locução. De repente lembrei do meu pai( já faz quase 9 anos que ele se foi) e de quando éramos pequenos, pois tudo era comprado a granel( sem embalagem ou sem acondicionamento).

Uma família numerosa, orçamento arrochado, e apenas ele (meu pai) trabalhando pra sustentar a casa. Um filho atrás do outro... Acho que "na roça" (assim se diz das residências rurais) é a falta de televisão, ou outra diversão que faz do namoro o playground do parque de diversão, sem contar que minha mãe, tinha medo de fazer laqueadura de trompas (morreria e deixaria os filhos órfãos...Assim pensava ela) e meu pai, medo de fazer vasectomia e ficar impotente. Nesse caso, quando a vasectomia foi inventada, mesmo que fizesse tal cirurgia, já era irremediável, pois a quantidade de filhos era grande (mas, de uns três se safariam). Assim a família cresceu e cresceu... Aliás, cresceu a granel e à base do granel. Comprava açúcar, café, óleo, macarrão, sabão em pó e tudo mais a granel. 

Ahhhh! Os tecidos para nossas roupas também eram a granel(escolhia uma peça inteira de um tecido e pronto, roupa para toda prole... Parecíamos conjunto de jarros. Ao menos assim não nos perdíamos nas festas, porque logo achavam outro que estava vestido igual. Minha mãe nem mudava o modelo. Jarrinhos mesmo!!! Tipo meia dúzia de jarros iguais, mas de tamanhos diferentes! Aff, aff... E nos sentíamos muito elegantes.

Lembro-me que orgulhosamente dizia aos outros: “Lá em casa é tudo comprado a granel.” Achava a palavra chique. Depois descobri que ela era bem popularzinha, sem requintes, sem roupas, sem peso e medida exata. Acho que foi nesse tempo, que inconscientemente joguei a palavra no esquecimento... Hoje, ela me volta à memória, repenso a danada, e chego à conclusão que mesmo sem rótulos, ela trazia muita alegria à nossa família, pois era sinônimo de fartura. Afinal como dizia meu pai, “ a alegria vem das tripas.” Procuro mudar essa frase por uma questão vocabular, mas a essência continua igual, com a certeza de que é uma verdade indiscutível. Se nos falta o alimento, não temos força para mais nada. Aliás, basta saber como fico quando me imponho uma dieta alimentar, vai-se embora rapidinho meu bom-humor, que geralmente o tenho a granel.
Marly Bastos




10 comentários:

  1. Gostei...e me ri a granel...
    Embora fales de outras situações que me recordam uma infância com dificuldades.

    Tive de abrandar o ritmo mas aqui estou, linda.

    Mudei do blogger por estava a receber insultos e ofensas em comentários anónimos.

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  2. Marly, eu me lembrei que comprava bolacha tostines a granel!
    Adora entrar na vendinha, inalar todo aquele aroma e pedir cem gramas daquela ali.
    Saquinho de papel pardo e uma alegria inexplicável!
    Beijo!

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  3. Minha querida estimou melhoras urgentes para você, e obrigada sempre pelo carinho em seus comentários. Bj

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  4. Oi querida,

    Voltei à infância. Meus dois avós, por parte de pai e mãe, eram comerciantes e a palavra granel desde cedo começou a fazer parte do meu vocabulário, ainda que hoje, também, já havia me desligado dela-rs.

    Crônica deliciosa de ler.

    Beijão e ótimo dia.

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  5. OI QUERIDA
    Passando para te desejar um Feliz Dia dos Namorado que vc comemore sempre com muita alegria e muito amor.
    Um bj
    Ana

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  6. AMO FAZER PARADA POR AQUI MINHA BOCHECHINHA ROSADA !
    VOCÊ SEMPRE SURPREENDENDO COM SEUS TEXTOS ...
    O AMOR É O ARQUITETO DO UNIVERSO,
    POR ISSO QUE VIM TE PEDI PARA QUE DIGA A ALGUÉM ESPECIAL O QUE LHE VAI NO CORAÇÃO !
    FELIZ DIA DOS NAMORADOS !!!
    BJS PELO CARINHO PLANTADO NO MEU CANTINHO ...
    AMADA AMIGA !!!!!

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  7. Marly, também conheço bem as compras a granel. Nossa, há quanto tempo não tinha contato com essa palavra. Lá no interiorzão, só assim mesmo (rss). Comprava-se o necessário porque as famílias eram numerosas. Seu texto está uma delícia de se ler. Bjs.

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  8. Um texto solto, bonito que, só não é meu porque não sei escrever tão bem...mas, a "essência" do conteúdo, também me pertence, tal a similitude! Era assim mesmo, tudo a granel. Nem precisava de "data de validade", a família era tão grande que logo se renovavam, os alimentos na "dispensa"
    Amei, Marly, esse recordar, obrigada...
    Beijos,
    da Lúcia

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  9. Oi, Marly! Ler sua história me fez pensar que apesar das dificuldades as alegrias também existiam a granel, e portanto, viver de maneira simples valeu muito a pena. Interessante observar a cultura de antigamente, quando laqueaduras ou vasectomias eram sinônimos de problemas...os tempos mudam e as dificuldades e medos vão sendo outros.
    Também fico meio quietona quando estou com fome...mas bom humor a granel é sempre bem vindo!
    Um abraço!

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  10. Olá Marly.Gostei muito de ler a sua história.Fez-me viajar por outros ampos da imaginação.Aqui fica a sugestão de visitar também o meu blog.Bjs.Tudo de bom. http://emilysilva2010.blogspot.pt/

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