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segunda-feira, 3 de junho de 2013

DILATAÇÃO DO MEU EU





O tempo se comprime e dilata... 
E já nem sei das horas que passo tentando decifrar essa dubilidade 
que paira sobre suas palavras, suas ações e até no teu olhar... 
 Ora tão meu, ora somente seu, ora do mundo.
Quase solfejo assistindo à corrida descabida dos ponteiros,
 buscando alcançar os minutos que fogem dos segundos.

Enlaço-me nas horas... 
E num esforço frouxamente preguiçoso,
 reflito sobre a maravilhosa maneira que o tempo tem de nos mostrar
 o que realmente importa e o que fica cravado na alma... 
Sorvo sem pressa  os recônditos da mente, 
busco lembranças doloridas, esperanças dormidas e promessas não cumpridas... 

Os ponteiros não retrocedem...
Morar no passado é como estar num bosque encantado,
 onde tudo é feito de “possibilidades zero” . 
E é na marasmática melancolia que o seu trabalhar cria 
que descubro que em cada som onomatopeico a vida morre... 
E morremos de nós mesmos [morre você em mim e morro eu em você.]

Já não posso retroceder nos meus sentimentos, 
e nem nas vontades que arrastam minha mente para os devaneios 
que me faz viver na alma e morrer nos minutos. 
A que a concretude de tudo não é somente algo maior que sonhos?
 E sonhos não são grandes? Sim são, mas o devanear é apenas cinza, 
comparado ao fogo do viver “de vero.”.

Pensar e rolar de um lado pro outro nessas horas mornas
 é apenas sustentar o fôlego,
 pois depois que a letargia toma o corpo e a mente embota, 
nada mais se retêm para proveito na aurora e no ocaso, 
mais uma vez vem a inutilidade sinfônica do tic-tac retorcer meu ser...
E penso: " Passado, só por agora me tens!"
Marly Bastos

4 comentários:

  1. Olá, Marly.
    Belo texto; sobre o tempo, creio que tudo que podemos fazer é dar o nosso melhor sempre e tentarmos não repetirmos nossos erros passados.
    Claro que podemos tentar buscar uma fuga no passado, mas isso funciona apenas por determinado tempo, já que o presente sempre exigirá nossa atenção em tempo integral.
    Abraço.

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  2. Você se enlaçou de maneira magnífica no tempo!
    um beijo Marly

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  3. Minha poetisa / contista favorita, nós dois sempre damos um jeito com o tempo. É bom, nós o dominamos e não o oposto (apenas acho). rs.
    Estou tentando ao menos e meu painel não mostrou atualizações do seu blogue, está acontecendo com vários, acredito que venham mudanças (de novo!) por aí.
    Há poucos dias atrás uma pessoa me deu o melhor conselho que alguém poderia ter me dado:

    Não se culpe nunca mais por nada que não prejudique a outros e faça o que tiver que fazer para ser feliz. Porque depois, você vai se arrepender do que não fez.

    E ela tem toda razão.

    Uma boa terça.

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  4. O passado pode ser revisitado, mesmo que saibamos da impossibilidade de se voltar lá para mudar algo. Uma passagem rápida que nos desanuvia o olhar nublado do presente. O tempo não nos espera e sequer se interessa se nos acomodamos, se vivemos de lembranças ou desesperança. Geralmente, quando retornamos no tempo, apresentam-se a nós as imagens belas. Mas perderam seu valor, em termos de caminhada. Que procuremos outras, daqui para a frente. Grande beijo!

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