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terça-feira, 8 de novembro de 2011

CARAPANÃS

       

     Dois caminhoneiros rumo à Belém do Pará. Um goiano e outro baiano. As estradas eram somente atoleiros nesses anos idos, hoje é a Rodovia Belém-Brasília, cheia de buracos no asfalto, mas ainda assim é asfalto agora. Bem continuando a história...Os dois iam a uma velocidade de 40 km por hora , e já dentro do estado do Pará procuravam um local para dormirem. Todavia a noite chegou e nada de cidade por perto. O medo apertou, pois havia muitos assaltos à caminhoneiros naquele tempo(e hoje continua tendo). Pararam num casebre á beira da estrada e pediram o “pouso”(no linguajar goiano significa passar a noite). Preocupados com a carga, perguntaram para o dono da casa se havia algum perigo naquele lugar e o anfitrião garantiu que não tinha perigo algum ali. A única coisa que poderia atacá-los no meio da noite seriam os “carapanãs”.
            Assim foram dormir. O baiano muito preocupado com o ataque dos carapanãs. Preveniu-se colocando o revólver debaixo do travesseiro... No meio da noite, o baiano com sono leve e alerta, ouviu uns barulhos vindos da janela. Era um tal de toc toc e bruuuuuuuu... Toc toc e bruuuuuuuu. A janela estava sendo forçada... O baiano paralisou de medo! Ele pensou: “São os carapanãs ! Querem nos atacar e se eu não fizer algo com certeza vamos morrer todos. E antes que nos mate eu os matarei!”  Revolver em punho, janela mirada, mão Trêmulas e bang-bang! Disparou todas as balas do tambor contra os “bichos. Ouviu sons esquisitos e depois um baque...
             O dono da casa veio correndo, apavorado, querendo saber o que tinha sido aquilo e o porquê dos disparos. O Baiano ainda branco de pavor explicou: “Os carapanãs... Queriam atacar a casa ...E eu os matei.
            O anfitrião correu até a porta, abriu-a e gritou:
- Você matou o meu burro! O coitado era mansinho e vinha todas as noites coçar o lombo junto a janela.
            O Baiano sem entender nada :
            - Mas... e os carapanãs...??? Como poderia saber que não eram eles?
            - Homem de Deus, carapanã é aquele mosquito que pica a gente no meio da noite!- Disse o paraense.
            - Ahhhhhh a muriçoca, baiano doido, ocê agora vai tê que pagá o burro do homi! – Retrucou o goiano.
            - Mas paim, como pudia sabê que esse nome deferente, era pra pernilongo ... Pensei que fossi us índios... Ô coisa pior! Sei lá moçu!


            Essa nossa riqueza cultural... Tsi...Tsi...tsi...
Marly Bastos

21 comentários:

  1. Marlyamiga

    De repente, passeando pela blogosfera, dou contigo e com este teu excelente blogue. A estória dos carapañas (que eu também não sabia de todo o que eram) do goiano e do baiano é um espanto. E muito bem escrita. O pobre do burro é que pagou as favas... Índios? Nada, nada, mosquitões... rsrsrs

    Como podes ver, já te sigo, o que para mim é um prazer e uma honra. Done... espero-te na minha Travessa que passará também a ser tua

    Qjs = queijinhos = beijinhos

    PS - A minha mulher Raquel diz que não é ciumenta; mas aqui para nós que niguém nos ouve, és bué da bonita. Bué da = muito, na linguagem dos meus netos...

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  2. Um beijinho enorme por este sorriso imenso que esbocei ao ler o teu post de hoje!

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  3. quantas vezes somos apenas medo? e o que somos nós se feitos de medo?
    bela narrativa, querida amiga marly. vejo nela o lado cómico, mas também o da inquietação.
    beijo grande!

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  4. rsrsr
    Confesso que tb não sabia Marly, que carapañas eram mosquitos, pernilongos, cada lugar tem um nome...né? rs
    lembrei até daquela piadinha:

    -Como chamam mosquitos aí na sua terra?
    -Aqui a gente não chama, eles vêm sozinhos.

    rsrs

    Pois é, a gente vai aprendendo que cultura diversificada é a nossa. (coitado do burro,,,foi-se por engano. )rs

    Beijos e boa semana pra ti que escreves sempre bem e gosto de ler seus contos de ótimo humor.

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  5. Rs rs Tô rindo ¨dos textos.¨

    Marly, aqui tem cultura de verdade.
    Um beijo grande

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  6. Marly

    Muito bom esse seu "causo". Ri demais por aqui.

    Adoro estes regionalismos.

    bjo procê

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  7. Coitadinho do burro,mas o conyo é show.
    Vim agradecer sua visita no meu blog e por segui-lo também. Grata pelo seu comentário.
    Tenha uma semana maravilhosa cheia de felicidades.
    Bjos.

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  8. Quantas confusões são criadas por essas diferenças regionais! Mas que a palavra lembra tribo indígena, lembra (kkk). Nem podia imaginar que se tratava de mosquito.

    Bjs.

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  9. Nossa... eu fiquei pensando que diabo seria Carapanãs. Nosso país é uma diversidade e isto que me encanta.
    Beijos inspiradores escritora, poetisa, poço de cultura.

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  10. Bom dia minha bochechinha rosada!
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Eu te admiro por isso e tantas outras coisas que nos revela sempre.
    Inteligência é o que não falta em vc...por isso que sou uma leitora de carteirinha...texto cultural riquissimo...
    bjssssssssssss

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  11. E coitado do burro que morreu por engano nessa historia....beijos de bom dia pra ti querida.

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  12. Olá,Marly!!

    A imaginação faz cada coisa....ser levado pelo medo então!!Que coisa!
    Mesmo que se tratasse de índios...não teria cabimento sair matando...
    Beijos!!

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  13. Oi Marly.
    Lindo texto, assim como os outros.
    Uma linda tarde.

    Obrigada pela visita no meu blog.

    Só uma ressalva, meu nome é Alciana.

    Beijim

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  14. O burro morreu no lugar do mosquito e pagou o pato!

    O.O

    Ê, bicharada!

    Rs

    Beijos, querida minha.

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  15. Olá Marly,
    Também não sabia o significado de carapanãs.
    Esses regionalismos costumam causar surpresas.
    Ainda bem que não eram índios e somente um burro
    (rsrsrsrs)
    Hilário!
    Beijos.

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  16. Antes ele do que eu...rs

    Guria... o Brasil é rico em cultura regional.

    Abraços

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  17. Cada regiáo com sua caracteristica, beijo Lisette.

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  18. oi ternura

    tadinho do burro né..


    beijo pra voce !!

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  19. Adorei! Bem teu mesmo, tu carregas contos e os descreve com alegria, gosto muito disso.

    Obrigado e um beijão.

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