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domingo, 26 de maio de 2013

FÉRIAS PARA QUE TE QUERO!

                                              Foto da Web
Descobri que há diferença [homérica] entre fazenda e “roça”. Férias sem dinheiro e aí vem a pergunta: “Pra onde vamos? Ahhhh... Estava pensando em irmos visitar aquela tia que mora no interior, faz tempos que não a vemos e nunca fomos lá. Um passeio bem ecológico e gastando pouco.” Pronto, resolvido o problema, agora é pegar a estrada. E aos trancos e barrancos chegamos ao “Oco dentro”.
O casarão era antigo e velho, e logo avistamos tia Genoveva na porta querendo saber quem estava chegando por ali. Abraços, afagos, notícias de cá e de lá, água no feijão, cachorro pegando uma galinha para o almoço, cafezinho torrado e moído na hora. Maravilha!

Vontade de fazer xixi e tive que perguntar:
-Onde fica o banheiro tia Genoveva?
-Num tem! Se é pras necessidades, vai aí pros fundos que encontra lugar bão pra se aliviar e se for pra tomar banho é na “chorra da bica” -  E me entregou rolo de papel higiênico. Bem ecológico mesmo!
Depois do banho gelado na cachoeira da bica [sai dura do banho, odeio água fria no lombo], hora de jantar, prosear mais um pouco e procurar o “ninho” conforme dizia minha tia Genoveva. A luz era oferecida por lamparinas alimentadas à querosene e eu quase não enxergava nada. Havia levado um livro para ler à noite e meu notebook para enviar notícias para os familiares. Sonhei alto mesmo...

Todo mundo deitado em catres. Eu e meu amor num catre com colchão de capim, duro que nem chão, mas uma beleza pra coluna né? Depois da chama da lamparina apagada, algo começou um voo pelo quarto. Tinha um passarinho preso ali.
-Amor abra a janela pra esse passarinho sair tadinho, parece desesperado. Acende a lamparina pra eu ver o coitadinho.
-Hummmmmmm... Deixa ele ai mesmo, se quiser ele sai pelos caibros... Melhor você não ver! Procure dormir...

Eu estava cansada e acabei dormindo mesmo com o passarinho dando voos rasantes sobre minha cabeça. O galo cantou uma infinidade de vezes, e ao longe outros galos respondiam. As vacas mugiam no curral e meu tio ainda saiu de madrugada para ordená-las. Levantei assim que senti o cheirinho do café e pra minha surpresa todos já haviam se levantado.

Meu filho pediu a benção assim que me viu entrar na cozinha:
-Benção mamãe! Você viu que está toda “cagada”?

Embirrei na parede! Que vexame... Comecei a gaguejar e procurar desculpas para tal atrocidade:
-Deve ter sido o leite puro que tomei ontem à noite...

-Mãaaaaaae, está cagada de morcego! – E caiu na risada.

-Morcego? Como assim?

-No meu quarto tinha uns dois voando. Eu como sei que são cagões, cobri até a cabeça – Ele disse com os olhos dançando de prazer em dizer aquilo.

Virei brava para meu marido, pois ele sabia que aquele “passarinho” era um morcego e não me disse nada.
-Você sabia e me deixou acreditar que esse “vampiro de animais” era um passarinho perdido! Ele podia ter mordido meu pescoço e sugado meu sangue e mesmo assim não disse nada!

-Se eu dissesse você ia ficar a noite toda acordada, e aí sim ia ser um “cagaço”[que  linguajar esse meu Deus, eu uma lady rsrsrsrs]. Então melhor ser defecada por morcego não é?

Logo depois do café da manhã, eu pedi pra voltarmos pra casa, não pela privada inexistente, ou mesmo um chuveiro com água morna, mas pelos morcegos sem educação nenhuma, pelos sapos que tropecei quando fui ao “mato” à noite [pelas cobras que sempre estão atrás deles], pelas onças que eles diziam estarem rondando por perto atrás das reses... E ainda tinha o caso da sucuri que “engoliu um boi uns diinhas desses.”
Sem dinheiro, sem férias, mas vivinhos... Descobri a larga distância ecológica entre fazenda e roça.
                                      Marly Bastos


8 comentários:

  1. Marly, ri muito com seu causo, hahahaha. sou uma pessoa bem simples, não faço questão de luxo, mas essa narrativa trata-se dos primórdios da humanidade. Uma cama limpa e confortável e um banheiro simples já me fazem feliz...
    Morro de medo de morcegos. No condomínio onde moro tem muitas árvores e tem cada um gigante dando rasantes na minha janela. Fico pensando o que eu faria se um entrasse dentro de casa, hahahaha.
    Um abraço!

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  2. pelo menos para mim foi divertido o passeio...
    e estes morcegos são sossegados,não fazem nada,são herbívoros rs...

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  3. Putz! achar que morcego é passarinho é barra!!!!!! rs rs

    (Marly, lá noVaral, já sai do google+ e não consigo voltar com o comentário do Blogger.)

    Um beijo grande

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  4. Bom dia
    Eu vim te deixar um convite

    CONVITE
    Passei por aqui lendo, e, em visita ao seu blog.
    Eu também tenho um, só que muito simples.
    Estou lhe convidando a visitar-me, e, se possível seguirmos juntos por eles, e, com eles. Sempre gostei de escrever, expor as minhas idéias e compartilhar com as pessoas, independente da classe Social, do Credo Religioso, da Opção Sexual, ou, da Etnia.
    Para mim, o que vai interessar é o nosso intercâmbio de idéias, e, de pensamentos.
    Estou lá, no meu Espaço Simplório, esperando por você.
    E, eu, já estou Seguindo o seu blog.
    Força, Paz, Amizade e Alegria
    Para você, um abraço do Brasil.
    www.josemariacosta.com


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  5. rsrsrsrsrs...
    Eu, hein? Tô fora desses passeios. Não consigo ficar em lugar algum que não tenha, pelo menos, um banheiro decente e um chuveiro de água quente. Prefiro renunciar à viagem de férias-rsrsrs

    Adorei o texto. Muito divertido.

    Beijão.

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  6. Kkkkkkkkkkkkkkkkkk!!! Amiga parece que você foi na roça da minha tia Helena. Olha aqui na Bahia tem um ditado assim: "Você quer me mandar pra roça?". Agora todos sabem o porquê... Kkkkkkkk!!!
    Um xero!!!

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  7. Amada!!! Trocar morcego por passarinhos, é terrível!!rs!
    Acaba com as férias de qqr um.
    Marli, vim te agradecer sua visita e carinho.
    Beijos e feliz semana.
    Soninha.

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  8. rsrs, mas eu nem descia do carro!!! Morcego, sucuri, sem banheiro, sem luz... Tudo ecológico?
    Beleza de leitura, e a gente acredita!!! Eu adoro asfalto, cimento, concreto. E um vasinho de violeta na mesa...

    Beijos pra você!

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