Alguém disse que eu tenho que aprender a falar alguns palavrões e eu até que tentei fazer isso na frente do espelho, mas me falta algo. O palavrão não tem ênfase, sai meio artificial, meio limpinho, meio sem graça. Também não faço esforços para aprender, pois acho que não é bonito em boca de ninguém esses vocabulários indecentes. Sou professora e tenho que dar exemplo de educação e respeito, e além do mais, minha disciplina de atuação é de Língua Portuguesa. Não dá pra sair por aí falando “Carai vei, que porra é essa? Cacete de merda, ficou noiado bicho?” Não... Melhor não, já vivi mais da metade da minha vida sem isso. Não sou desboca (Desbocada não seria uma pessoa que perdeu o freio da boca??), eu sou é bocada... Sempre refreio a minha língua para não perder a vez de ficar calada.
Tem gente que desde criança, já tem esse ímpeto para falar coisas chulas. Quando eu era criança, a vizinha tinha um filho de uns 5 anos, e ainda o amamentava. Ele vinha, entrava no meio das pernas da mãe sentada e arrancava um peito, e mamava virando os olhos (dava gosto, até saia leite pelos cantos da boca), depois puxava a roupa da mãe e escondia aquele peito murcho e tirava o outro ainda cheio e o esvaziava todinho. Menino abusadinho que só! Um dia a mãe já constrangida pelo “bezerrão” que lhe arrancava os peitos em qualquer lugar, resolveu desmamá-lo. O mamador surtou! Um dia inteiro sem mamar, e quando ele vinha com as mãos no decote, ela levantava e fugia dele.
À noite o “bezerrão” passou coió, pois dormia agarrado nos peitos e agora a mãe recusava deixa-lo se aproximar. Amarrou-o na caminha e ele berrou a noite toda. De manhã estava rouco, com olheiras e com fome.
A mãe não arredava pé, nada de peito, se quisesse era leite no copo e com café. A criatura semidesmamada mudou de tática, pois viu que chorar, fazer birra e emburrar não resolvia nada. Passou para a persuasão, cativando-a com elogios:
-Mãezinha linda, por favor me dá esse peitinho gostoso, cheiroso e tão durinho! – Ele dizia com olhos cheios de amor e marejados de lágrimas.
-Não! – Respondia a mãe enfática- Vá tomar teu leite que está no copo.
-Mãezinha meu tesouro, pelo amor “a padim ciço” me dá esse peitinho lindo!
-Não, não vou dar peito algum, vá tomar seu leite.
O “bezerrão” se enfureceu...
-Velha nojenta, burra empacada, filha de quenga me dá essa muxiba logo, e deixa de putaria comigo!
-Vai chamar o peito da puta que te pariu de muxiba, seu filho duma égua!
Tsi...tsi...tsi...tsi...
Bem, eu acho que o vocabulário tem muito a ver com a ambiente em que você vive. Meus pais jamais aceitaram xingamentos e se saísse alguma palavra atravessada, era tapa na boca. Eles diziam que nos somos o que falamos e que a nossa boca profere o que o coração está cheio. E que há poder nas nossas palavras...
Marly Bastos