NÃO SE DEVE MORRER POR AMOR

            São pequenas coisas que nos faz lembrar grandes momentos ou intensos sentimentos...

Ouço o murmúrio do vento, e imagino que ele esteja sussurrando lembranças que eu  sinceramente achei que já estivesse bem no fundo do mar do esquecimento. Ele sussurra: “foi bommmmmmmmm, como foi bom aquele amorrrrr.”Vento malvado... Repete isso centenas de vezes aos meus ouvidos, e vem à tona um mundo de lembranças boas, suplantando as que foram o verdadeiro motivo de tudo findar.

           

            Era um amor que eu julgava ser sincero, mas que de repente se ausentou. Nunca entendi bem porque acabou, mas aceitei que acabou e pronto. Chorei rios de lágrimas, me comovi em minha alma, ouvi tantas vezes a mesma música que até o papagaio decorou e  morri de amor.

            Passei horas intermináveis olhando a estrada por onde ele se foi, dia após dia, e todos os vultos que eu avidamente buscava, passavam de reto. Esperava o carteiro com o coração aos pulos no portão, e arrastava todos os dias, minha decepção para o escuro do quarto, abraçava o meu amigo travesseiro e derramava  minhas doces lágrimas nas suas plumas . Afundei o sofá ao lado do telefone... Nenhuma das vezes que tocou, ouvi tua voz...

            Dizem que quem espera alcança, eu porém, digo que quem espera cansa. Ninguém sofre infinitamente, pois nossa vida é como um rio, as águas correm, alimenta outras paragens, borbulham em outras terras, se juntam a outros mananciais, nunca estão sozinhas, sempre se misturam pelo longo caminho que trilham. Assim é... O desespero foi se acalmando, as lembranças foram ficando menos doloridas, e a espera se assentou. A dor já não doía, e o calor daquela paixão, aos poucos de esfriou.

            Foi muito bom aquele amor, mas “foi”. É passado e já não é! Lembrar é bom, faz a gente ver o quanto já percorreu e aprendeu. Eu aprendi que vale a pena arriscar, vale a pena viver por um amor, mas não nos cabe morrer nem um dia por esse mesmo amor, pois a vida é curta demais e a morte é eternidade... Temos muito tempo pra morrer, vivamos então somente!

Marly Bastos