O tempo se comprime e dilata...
E já nem sei das horas que passo tentando decifrar essa dubilidade
que paira sobre suas palavras, suas ações e até no teu olhar...
Ora tão meu, ora somente seu, ora do mundo.
Quase solfejo assistindo à corrida descabida dos ponteiros,
buscando alcançar os minutos que fogem dos segundos.
Enlaço-me nas horas...
E num esforço frouxamente preguiçoso,
reflito sobre a maravilhosa maneira que o tempo tem de nos mostrar
o que realmente importa e o que fica cravado na alma...
Sorvo sem pressa os recônditos da mente,
busco lembranças doloridas, esperanças dormidas e promessas não cumpridas...
Os ponteiros não retrocedem...
Morar no passado é como estar num bosque encantado,
onde tudo é feito de “possibilidades zero” .
E é na marasmática melancolia que o seu trabalhar cria
que descubro que em cada som onomatopeico a vida morre...
E morremos de nós mesmos [morre você em mim e morro eu em você.]
Já não posso retroceder nos meus sentimentos,
e nem nas vontades que arrastam minha mente para os devaneios
que me faz viver na alma e morrer nos minutos.
A que a concretude de tudo não é somente algo maior que sonhos?
E sonhos não são grandes? Sim são, mas o devanear é apenas cinza,
comparado ao fogo do viver “de vero.”.
Pensar e rolar de um lado pro outro nessas horas mornas
é apenas sustentar o fôlego,
pois depois que a letargia toma o corpo e a mente embota,
nada mais se retêm para proveito na aurora e no ocaso,
mais uma vez vem a inutilidade sinfônica do tic-tac retorcer meu ser...
E penso: " Passado, só por agora me tens!"
Marly Bastos
Olá, Marly.
ResponderExcluirBelo texto; sobre o tempo, creio que tudo que podemos fazer é dar o nosso melhor sempre e tentarmos não repetirmos nossos erros passados.
Claro que podemos tentar buscar uma fuga no passado, mas isso funciona apenas por determinado tempo, já que o presente sempre exigirá nossa atenção em tempo integral.
Abraço.
Você se enlaçou de maneira magnífica no tempo!
ResponderExcluirum beijo Marly
Minha poetisa / contista favorita, nós dois sempre damos um jeito com o tempo. É bom, nós o dominamos e não o oposto (apenas acho). rs.
ResponderExcluirEstou tentando ao menos e meu painel não mostrou atualizações do seu blogue, está acontecendo com vários, acredito que venham mudanças (de novo!) por aí.
Há poucos dias atrás uma pessoa me deu o melhor conselho que alguém poderia ter me dado:
Não se culpe nunca mais por nada que não prejudique a outros e faça o que tiver que fazer para ser feliz. Porque depois, você vai se arrepender do que não fez.
E ela tem toda razão.
Uma boa terça.
O passado pode ser revisitado, mesmo que saibamos da impossibilidade de se voltar lá para mudar algo. Uma passagem rápida que nos desanuvia o olhar nublado do presente. O tempo não nos espera e sequer se interessa se nos acomodamos, se vivemos de lembranças ou desesperança. Geralmente, quando retornamos no tempo, apresentam-se a nós as imagens belas. Mas perderam seu valor, em termos de caminhada. Que procuremos outras, daqui para a frente. Grande beijo!
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