Bobo no interior é um vocábulo que define um indivíduo que é desprovido das capacidades mentais, que se deixa levar facilmente por outrem, que só age por inspiração ou a mando de outrem. Enfim, e um Molenga, preguiçoso, Incapaz, Simplório, chocarreiro, histrião, idiota, jogral, palhaço, polichinelo, pomboca, tantã e truão.
“Muriço Bobo”(o nome original devia ser “Maurício”) era um desses. E como todo bobo que se preza, gostava de mulher, dinheiro e de não fazer nada(será que era bobo mesmo?). Tanto gostava de mulher que casou com a “Maria Sapa”, uma louca que andava com um pedaço de espelho, catava os próprios piolhos e os matava nos dentes tal qual os primatas. Jogava pedras em quem cruzasse seu caminho no dia em que estivesse zangada. Era um terror!
O dia do casamento teve chuva de arroz, carroça com latinhas atrás, e fogos de artifício. O lar doce lar era um rancho pau a pique, a cama matrimonial era um jirau (Espécie de grade de varas, sobre esteios fixados no chão, que serve de cama nas casas pobres), um colchão de palha que nada mais era do que um saco enorme com palha de milho seco rasgadinha dentro. O fogão era de barrela, e panelas de ferro e claro um pote em cima de uma estaca grossa. Estavam que era felicidade só, olhavam tudo e diziam “bãaaao”. E ali consumaram tudo!
“Maria Sapa” ficou grávida, o povo das redondezas comprou o enxoval, e Xamu (seria Samuel?) nasceu rosado e forte como um touro. Não tinha berço, e dormia entre os dois... Um dia, as varas saíram do lugar e Xamu foi espremido e massacrado pelos dois que tinham sono profundo... Ficaram desolados, mas no enterro já cogitavam que podiam fazer outro...
Os homens orientados pelas suas esposas, chamaram Muriço Bobo num canto e lhe apresentaram a camisinha de Vênus e disseram para ele que deveria usar sempre que fosse fazer “babagens” pra evitar ter outro filho, já que demonstraram não terem responsabilidade e nem competência para criar um filho. Ele prometeu usar.
Cinco meses depois estava Maria Sapa “buchuda” de novo. Questionado, ele disse que estava usando os “papos de anjo” que deram pra ele sim e que sempre os lavava e colocava pra secar, só que já estavam rasgados... Ninguém avisou para ele que esse material devia ser descartado após o uso...
Os dois esperavam ansiosos a chegada do novo bebê. Quando Maria Sapa deu os primeiros sinais das dores do parto, Muriço foi à cidade e comprou fiado um monte de fogos pra usar quando a criança nascesse. A dor de Maria atravessou a noite, o dia e finalmente na noite seguinte o bebê nasceu, todavia ela sucumbiu à morte. Muriço chorando e gemendo de dor, soltou todos os fogos que tinha comprado. Comprou para o momento e ia usá-los. Foi uma festa no céu, por Maria, pelos fogos!
Muriço Bobo perdeu sua cara metade, mas ganhou um rebento. À menina nascida ele deu o nome de Eva. Ela não ficou com ele, pois o povo decidiu que ele não tinha condições de criar a menina. Ela era um serzinho estranho que aos três anos jogava pedras nas pessoas que passavam em frente a casa dela, corria atrás dos meninos com um porrete...Eva repetia as mesmas coisas que a mãe fazia e sem ter a convivência com ela.
A vida é um ciclo e os rebentos nossa extensão. Boba? Nem um tiquinho! Louca?? Talvez um pouco... E quem não o é?!
Marly Bastos
Marly, minha querida. Onde você aprendeu a escrever desse jeito? (rs). Que postagem linda e repleta de ricos detalhes. Sua descrição faz com que a gente enxergue os personagens e o seu habitat. O bobo do interior (vocábulo) extrapolou. O pior é que conheço todos os sinônimos.
ResponderExcluirAdoro esse seu modo de escrever. Não a conheço, mas esse é o retrato fiel do seu dom da escrita.
Parabéns por me fazer gostar tanto de um texto.
Doce beijo no coração.
Manoel.
Xi..nossa ..
ResponderExcluirIsto de maluco tem de se lhe chegar e carregar para aprender...
Não bastava um tantã senão logos os dois...
Lindo texto, muito bem escrito, amei, beijos e um otimo dia para ti!
ResponderExcluiroi Marly,
ResponderExcluirperfeito seu texto,
pude ver de pertinho cada coisa descrita por você...
aqui em casa temos uma expressão que usamos sempre,
"a fruta não cai longe do pé..."
a Eva está aí e não me deixa mentir...
beijinhos
Marly, querida, independentemente de me constranger a inevitabilidade da força dos genes, o teu texto é uma jóia. Vivo, fotográfico, flagrante. Muito, muito bom.
ResponderExcluirMarly, se eu fosse tu, vivendo nesse país continente, com esse imenso capital de público, eu publicaria, ainda que na primeira edição tivesse que arcar com as despesas. Seguramente que as subsequentes se esgotariam.
Lindo, muito, lindo, princesa.
Beijo da Nina
Marly, que conto encantador!!!
ResponderExcluir:)
E sabe que me fez ficar pensando a respeito de até que ponto somos ou não livres?
Eva saiu à mãe sem ter convivido com ela... Curiosíssimo!
Adorei o conto!
Parabéns minha amiga! Vc esrtá a cada dia melhor!
Ah! Eu gostaria de lhe mostrar uma coisa pois estou explodindo de orgulho!!!
Olha o que um aluno meu fez: http://alicenopaisdafilosofia.blogspot.com/2012/02/etica-e-moral-video-de-alunos.html
Estou que nem uma profe-coruja morrendo de orgulho e espalhando p/ todo mundo!!! ;) hehehehe!
bjo!
Maravilhoso, "bel prazer" que me trouxe às suas deliciosas palavras, aqui reunidas lindamente. Encontrei-a por acaso, Marly...gostei daqui, já vou instalar meu retrato e vou voltar, sem dúvida...
ResponderExcluirUm beijo,
da Lúcia
Amiga! Adorei esse texto...Juro q fiquei imaginando o lugarzinho e os dois e a casa, e a cama e o fogão e o nenem espremido, tudo! até a menininha jogando pedra... Riquesa de detalhes e de imaginação! Parabens! Adoro seu blog e quando vejo uma atualização entro correndo pra ver pq sei q é coisa boa! Desejo sucesso, amor e prosperidade pra sua vida!!!
ResponderExcluirMarly querida,
ResponderExcluirSeu conto nos transporta para esta tapera e nos faz ver o colchão,o jirau,o fogão e os personagens a quem vc deu vida com tanta precisão.Gostei muito e acho que um livro seu seria um sucesso.
Bjssss,amiga,
Leninha
Nossa ..adorei o texto.
ResponderExcluirÉ sempre bom passar por aqui e ler textos tão bonitos.
Beijão.
e como somos parecidos com quem menos queremos [as vezes]
ResponderExcluirrs.
beijao
Ola, cnheca meu blog...
ResponderExcluirwww.israelcompras.com
Ta rolando um super sorteio...
Bjks
Vivi
INTERESSANTE ESTE CONTO...Me fez lembrar minha infãncia...
ResponderExcluirEu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais.
bjs linda.
Maravilhoso! Tão raiz, tão bobo e tão sábio. Tão rico em cores, dores e simplesmente leve.
ResponderExcluirParabéns pela criatividade e lindo dom de escrever. beijo
Olá querida,
ResponderExcluirDelícia de texto!
Amei ler. Encanta até pela descrição dos detalhes. Repito uma palavra que li por aqui e que achei perfeita para o texto : fotográfico.
De loucos, todos temos um pouco (rsrsrs).
Beijão.
PS: Também gosto muito de você.
Boa noite, Marly. Amiga, estou sumida com problemas na net. Postei hoje numa lan, mas não poderei vir sempre até resolver tudo.
ResponderExcluirUm beijo na alma, fique na paz, e saiba que não esqueço de você!
Que história mais estranha...
ResponderExcluirLindamente contada... estava a ver tudo, a viver tudo!
Coitados daqueles seres...!!
Um beijo muito grande
Marly, que bela postagem muito bom mesmo, achei muito engraçado!
ResponderExcluirAdoro seu trabalho!!
Oi Marly,
ResponderExcluirTexto muito agradável para a leitura. E no final, filho de peixe, pexinho é.
Beijos.
Lu
http://lucianasantarita.blogspot.com/
Olá!Bom dia! Postagem linda e repleta de ricos detalhes. Sua descrição dos personagens, nos faz imaginá-los.
ResponderExcluirVocê sabe,que eu gosto de seu modo de escrever.
É! De louco e bobo, todos nós temos um pouco!
Boa quinta!
Beijos carinhosos!
TADINHO DO XAMU MARLY! rs
ResponderExcluirQue criatividade você tem em? Ótimo conto. Ótima história.
Estou seguindo ta?
Beijooos
saahandradee.blogspot.com
Amiga, você escreve muito bem, pareceu-me estar no local vendo tudo... Beijão, Marly!
ResponderExcluirConcordo plenamente com vc, esta no DNA...rs
ResponderExcluirMuito bom, enfim..ciao
pois é, o que mais me chamou atenção no conto foi o pai não ficar com sua filha.
ResponderExcluirQuem tem direito de tirar uma filha de um pai, sem ao menos ele ter começado a criá-la. A sociedade nos julga, nos pune, e normalmente não faz nada melhor que a gente.
Somos todos errantes, loucos, imorais. Apenas em níveis diferentes.
Beijão.
Ps: Palavra Vadia realmente não tem onde seguir ;)
----
Site Oficial: JimCarbonera.com
Rascunhos: PalavraVadia.blogspot.com
Concordo com o Jim, na questão de terem tirado a criança do pai.
ResponderExcluirAdorei o conto, leve, rico e simples ao mesmo tempo. Dá para imaginar direitinho os cenários, a época... maravilhoso!
Poderia fazer parte de um livro de coletânea de contos, ou até mesmo a história virar um livro.
Abraços!
* de uma coletânea de contos
ResponderExcluir(digitei meio rápido e saiu uma frase horrível)
[risos]
ResponderExcluirsó você mesmo, viu Marly. Que delícia de estória. Deviam ler essa história nos consultórios dentários, nem ia precisar de anestesia.
Adorei!
Um abraço!