Imagem extraída da WEB
Quando criança, me deitava para dormir e aos poucos ia flutuando, o mundo lentamente girando como um carrossel onde eu me via montada nos cavalos quase alados, depois flutuava para a roda gigante de onde meus sonhos ficavam encantados, cheios de cores, girando bem alto! Girava, girava e acordava outro dia. O mundo me parecia feito de parques de diversões, circos, passeios na casa da vovó, banhos de cachoeiras, brincadeiras na boquinha da noite com os primos e primas de cantigas de rodas e pular cordas, e algumas outras obrigações que eu não gostava muito, como escovar os dentes quatro vezes ao dia pra não dar bichinho neles (com o tempo a gente aprende a gostar, basta pra isso passar pela primeira dor...).
Fiquei adolescente. Embora eu tentasse me comportar como uma mocinha, essa é uma fase única, a gente chora até em ver um cachorro magro e é capaz de matar o mundo envenenado. E a preguiça? Preguiça de estudar, preguiça de ajudar nas tarefas domésticas, preguiça de organizar o quarto, preguiça de limpar gavetas. Até entendo quando vejo um quarto de adolescente, pois a preguiça parece ser algum distúrbio hormonal. Aliás, a gente sempre sabe quando é o quartel general de um adolescente, pois sobram meias pra fora da gaveta, os livros e afins parecem monturo pra fazer fogueira, roupas por todo lado, coleções de coisas impensáveis, e posters de ídolos, ou se for meninos, carros. Esta deve ser a fase mais importante na vida de uma pessoa, pois é nela que nossa educação se concretiza, nossas amizades se definem e recebemos várias enxurradas de sentimentos a cada hora. Que coisa! Adolescente é gente esquistinha né? PS: Quando for pegar seu adolescente pela orelha, lembre-se que você passou por isso e era igualzinho (ou pior).
Ainda jovenzinha, sonhava com príncipes. Eu acreditava em contos de fadas, em sapatinho de cristal, e em carruagem encantada. Mas esse acreditar não dura pra sempre. Aos poucos a gente vai notando que tem muitos sapos pelo caminho, mas príncipe mesmo só nos livros ou na Inglaterra. E descobrimos também que sapos não viram príncipes com beijos, no máximo namoradinhos que querem nos beijar detrás da caixa d’água da escola. Época em que a gente descobre que é muito bom beijar. E a gente beija muito!
Depois me tornei adulta de verdade, e aí começa minha história de vida. Quase outra vida...
Marly Bastos