Fui fazer uma pesquisa de campo em uma cidade do interior, que tinha como objetivo geral traçar a correlação entre o desvio da linguagem oral com a escrita. Entrei em várias turmas e séries, em todas incentivando a criação de textos e que eles contassem oralmente o fato que havia gerado o texto.
O resultado mostrou que embora houvesse de modo geral desvio na língua oral, a língua escrita continha poucos erros, mais ortográficos que de concordância verbal ou nominal.
Entre algumas divertidas conversas eu ri muito desses fatos relatados abaixo:
Primeiro episódio:
Duas alunas chegam para mim e dizem:
-Professora nois vai no banheiro tá bom?
E eu para corrigir o erro de concordância disse:
-NÓS VAMOS ao banheiro!
E uma delas responde:
-Não professora, o banheiro que nois vai é no das aluna, o seu fica lá na sala dos professor.
-Ahhhhhhhh... Obrigada pela informação, podem ir!
Segundo episódio:
- Professora você me empresta a apostila pra mim tirar Xerox?
-Pra EU tirar Xerox né Melina?
-Uai professora, mio ainda né? Se você tirar a cópia eu nem preciso pagar...
Terceiro episódio:
-Nois num veio ontem, por mode que a gente ficamos esperando o ônibus que estragou e não apareceu.
-NÓS NÃO VIEMOS, porque A GENTE FICOU esperando o ônibus...
-Você também num veio professora? Então nem teve aulas uai, bão tamém assim a gente nem perdemos a aula!
[Nossa senhora da lingüística, socorre-me...]
Se foi válida a pesquisa? Demais! Descobri que o erro da língua oral é mais por convívio, regionalismo, maria-vai-com-as-outras, pois se assim não fosse, escreveriam errado também o que não ocorreu com a mesma freqüência da fala.
Marly Bastos